história

Congresso da UNE terá primeiro dossiê sobre crimes da ditadura contra estudantes

Encontro deve reunir 10 mil jovens em Goiânia até o próximo domingo

Elza Fiúza/ABr

Paulo Abrão, presidente da Comissão de Anistia, estará presente no 53º Congresso da UNE, em Goiânia

Brasília – Mais de 10 mil jovens deverão participar, de amanhã (29) a domingo (2), em Goiânia, do 53º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e o presidente da Comissão da Anistia e secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, confirmaram presença no encontro. Abrão vai analisar com os estudantes os casos de morte e tortura de estudantes durante a ditadura (1964-1985). A presidenta Dilma Rousseff foi convidada, mas não confirmou participação.

Debates, grupos de discussão, plenárias e atividades culturais constam da programação do evento. Na sexta-feira (30), será realizado o 1º Encontro Nacional de Estudantes Cotistas e o 3º de Estudantes do ProUni.

No evento também será definida a nova direção da UNE, hoje coordenada pela União da Juventude Socialista, vinculada ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Segundo o presidente da entidade, Daniel Iliescu, os estudantes devem aproveitar a ocasião para debater os temas e cobrar maior participação na tomada de decisões.

Comissão da Verdade

Outro destaque no congresso será a apresentação da primeira versão do relatório daComissão da Verdade da UNE, lançada em janeiro deste ano.

O caso do estudante Honestino Guimarães é o primeiro investigado. Ele foi eleito presidente da UNE em 1971 e desapareceu em 1973, após ter sido preso pelos órgãos de repressão da Marinha.

Para ajudar nos trabalhos, a UNE lançará uma campanha convocando órgãos e instituições vinculadas à memória e à verdade para se engajarem na busca pelos restos mortais de Honestino.

“O dossiê que vamos apresentar é uma sistematização de fragmentos, muitos já conhecidos, que envolvem o estudante. Estamos compilando informações e opiniões e trazendo informações recentes ligadas à família. Além disso, a Comissão da Verdade da UNE está se empenhando para sensibilizar o Estado, para descobrir o que aconteceu com Honestino”, disse Iliescu.

A comissão da UNE tem o objetivo de apurar e esclarecer casos de morte e tortura de pelo menos 46 ex-dirigentes e pretende se tornar parceira da Comissão Nacional da Verdade. O grupo espera que o material sirva de subsídio para o relatório final da comissão nacional, a ser apresentado no ano que vem.

Iliescu destacou, porém, que os trabalhos poderão se estender para além do próximo ano, até que todos os casos sejam esclarecidos.

A cerimônia de anistia a Honestino Guimarães, que seria no Congresso da Une, como chegou a ser divulgado pela entidade, não será mais realizada. De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, “a família preferiu pleitear a anistia para outro momento”.

Com informações da Agência Brasil