Estudantes da USP querem “aula de democracia” de Alckmin

São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), é um dos convidados dos estudantes da USP para uma aula pública de democracia nesta quinta-feira (24) no Vão […]

São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), é um dos convidados dos estudantes da USP para uma aula pública de democracia nesta quinta-feira (24) no Vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista, região central de São Paulo. Alckmin afirmou em 8 de novembro, após desocupação da reitoria da USP, que os estudantes retirados do prédio em protesto à presença da Polícia Militar (PM) no campus, precisavam de uma “aula de democracia”.

De acordo com o aluno de Geografia da USP e integrante do Diretório Central de Estudantes (DCE) João Victor Pavesi de Oliveira, o ato é uma resposta a análise equivocada do governador sobre democracia. “A democracia que a gente entende é respeito à autonomia universitária e construção coletiva nos espaços deliberativos da USP. O contrário, é colocar a PM no interior do câmpus e um projeto de universidade que não está  a serviço dos mais pobres”, definiu.

A partir das 14 horas da quinta está prevista uma caminhada partindo da praça Oswaldo Cruz, na avenida Paulista, até o museu, onde ocorre a aula. Além do governador, foram convidados professores da USP, intelectuais e apoiadores do movimento estudantil para falar sobre o tema, informa Oliveira.

Os integrantes do movimento Ocupa Sampa decidiram apoiar o ato dos discentes da USP e vão transferir o acampamento por uma noite, de quarta para quinta-feira, para a Praça do Ciclista, esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação. O objetivo dos ativistas acampados no Vale do Anhangabaú, na região central da capital paulista, desde o dia 15 de outubro é chamar atenção para a caminhada e também pedir que o governador Geraldo Alckmin dê uma aula de democracia.

Os estudantes pedem a renúncia do reitor da USP João Grandino Rodas, fim do convênio da universidade com a  Polícia Militar, adoção de um plano alternativo para garantir a segurança de alunos, professores e funcionários, fim de perseguições políticas no interior da entidade educacional e a realização de uma estatuinte para elaboração de um novo estatuto. “A estrutura de poder da USP é arcaica”, avalia Oliveira. Segundo ele, o documento mistura artigos da época da ditadura e outros redigidos na década de 1990.

Tortura

Mães de alunos que participaram da ocupação da USP no início de novembro acusam policiais militares de torturar os estudantes durante a reintegração de posse da reitoria da universidade, na madrugada de 8 de novembro.

Segundo as mães, os alunos teriam sofrido tortura física e psicológica durante a desocupação. Uma aluna teve uma bola de ferro colocada na boca, teria levado socos e sido intimidada por policiais.  Uma mãe relatou que um soldado da PM teria dito à aluna: ” Você sabe o porquinho com uma maçã na boca? Você é nosso porquinho agora”.

Outra mulher contou que a filha foi levada para uma sala separada dos outros colegas detidos, levou chutes até passar mal por sofrer de asma.

Outro estudante estava dormindo dentro do carro, em frente à reitoria, quando foi brutalmente retirado do veículo pela polícia. Ao questionar por que estava sendo detido se não estava no interior da reitoria, teria sofrido agressão de um policial com uma cabeçada. O jovem teve o nariz cortado com a agressão. As mães também relataram humilhações verbais durante a detenção.

 

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