Ranking do Enem 2009 mostra desigualdade entre escolas públicas e privadas

Brasília – Das 20 melhores escolas de ensino médio do país, 12 estão na Região Sudeste, quatro na Região Centro-Oeste, quatro na Nordeste e apenas duas são públicas. O diagnóstico, […]

Brasília – Das 20 melhores escolas de ensino médio do país, 12 estão na Região Sudeste, quatro na Região Centro-Oeste, quatro na Nordeste e apenas duas são públicas. O diagnóstico, que mostra a desigualdade entre as instituições dependendo da localidade ou do gestor, está no resultado do desempenho por escola no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009, divulgado na manhã desta segunda-feira (19) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação.

O desempenho das escolas foi calculado com base na média total obtida por seus alunos nas provas objetivas e na redação. A média nacional, segundo o Inep, foi de 500 pontos. As escolas particulares conquistaram os melhores resultados e são maioria no ranking, com 18 das 20 posições.

As duas únicas instituições públicas da lista das 20 com melhor desempenho no Enem são escolas ligadas a universidades. O Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV) obteve média total de 734,66 pontos e ficou com a sétima colocação. Ligado à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o Colégio de Aplicação Fernando R. da Silveira teve média total de 722,58 e aparece na 17° posição.

A participação no Enem é voluntária. Escolas com menos de 2% de participação de alunos no exame não tiveram suas médias divulgadas.

Avaliação errada

Apesar do ranking do Inep, para a representante do Conselho de Governança do movimento Todos pela Educação, Wanda Engel, o Enem não deveria ser utilizado para avaliar as escolas brasileiras. Segundo ela, a prova, por ser voluntária, é capaz de avaliar apenas o desempenho do próprio aluno.

“Quando a gente diz que a escola tal teve melhor resultado, temos que ver qual o percentual de alunos que fez o exame. Podem ter pego os melhores estudantes. O Enem não é resultado para listar escola, mas para dar oportunidade no acesso à universidade. Só faz o Enem o aluno que tem alguma intenção de ir pra universidade, a minoria”, disse.
Wanda avalia que somente um exame universal e obrigatório ao final do ensino básico será capaz de listar as melhores e as piores escolas do país. “Não se sabe nem quantas escolas fizeram esse Enem”, disse, ao se referir à lista de mais de 36 mil instituições divulgadas pelo Inep. Várias delas chegam a aparecer até três vezes no ranking – com uma média relativa ao ensino regular, uma relativa ao Ensino de Jovens e Adultos (EJA) e uma geral. Há ainda colégios citados como avaliados, mas que não têm nota mencionada.

Outro fator importante a ser considerado em relação ao uso do resultado do Enem como referência de qualidade da instituição de ensino, de acordo com a especialista, é que algumas escolas avaliadas inscrevem cerca de 90% de seus alunos enquanto outras ficam em torno de 10% de inscritos. “É uma má utilização usá-lo (o resultado do Enem) para avaliar escolas”, reforçou.

Entretanto, Wanda destacou um ponto positivo com a realização do Enem. Segundo ela, desde o momento em que ferramentas de controle de desempenho da educação foram adotadas pelo governo, estados e municípios passaram a cobrar mais de suas próprias redes de ensino. “A gente não pode deixar de reconhecer que as escolas públicas têm feito um esforço crescente na melhoria de qualidade”, disse. “Pode ser uma injustiça com as escolas públicas colocá-las como últimas. Elas ainda não chegaram lá, mas estão caminhando nesse sentido”, completou.

Atualmente, a rede de ensino do país é constituída da seguinte forma: 85% dos colégios são estaduais, 3% municipais, 1% federais e 11% particulares.

Edição: Fábio M. Michel

 

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