Sancionada lei que obriga estudo para jogadores menores de 18 anos

Medida válida para o estado de São Paulo prevê multa e até em suspensão de competições oficiais do clube que desrespeitar as regras

O deputado Raul Marcelo acredita que a onda nacional gerada por Olimpíada e Copa do Mundo no Brasil devem servir para incentivar educação de atletas

Os clubes oficiais de futebol de São Paulo têm 30 dias a partir desta sexta-feira (9) para matricularem seus jogadores menores de 18 anos em escolas. Foi sancionada pelo governador José Serra a lei 13.748 de 2009, de autoria do deputado estadual Raul Marcelo (PSOL), que prevê o oferecimento de educação aos jovens atletas.

Além da matrícula, as entidades terão de comprovar a frequência escolar de seus jogadores, sob risco de receberem multa de cerca de R$ 4 mil por atleta. Em caso de reincidência, o clube será suspenso pela Federação Paulista de Futebol (FPF).

Raul Marcelo afirma que o trabalho, agora, é aquele que não deveria existir em um funcionamento ideal das instituições: fazer a lei “pegar”. Para isso, a partir da próxima semana começam conservas com prefeituras, conselhos municipais de educação e sindicatos de classe para que contribuam na fiscalização da medida.

Ele conta haver resistência por parte do presidente da federação à aplicação da lei, o que, na prática, pode inviabilizar a ideia, nascida de um levantamento feito por estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os alunos detectaram que 30% dos jogadores do Campeonato Brasileiro da Série A não tinham completado sequer o ensino fundamental.

Em conversas com clubes e jovens jogadores, o deputado conta ter percebido que o maior fator para o abandono dos estudos é a distância da família. Como muitos atletas mudam de cidade em busca de um clube, não têm a cobrança dos parentes para que sigam na escola – para isso, contam com a falta de interesse por parte dos dirigentes esportivos de que seus atletas estudem.

“A maioria dos que tentam ser um ‘Ronaldo Fenômeno’ não consegue. Quando chega à idade adulta e não se profissionaliza, não tendo concluído os estudos, fica sem opção alguma de trabalho. Acaba marginalizado”, afirma.

A intenção agora é articular com a bancada do PSOL na Câmara Federal a apresentação de um projeto nos mesmos moldes estendendo a medida para o resto do país. A proposta, já em andamento, depende apenas de adequações à legislação para que seja apresentada.