Professor de São Carlos vence 1º turno de eleição indireta da USP

Glaucius Oliva pode ser o terceiro professor do interior paulista na sequência a comandar os rumos da universidade

A Universidade de São Paulo (USP) deu mais um passo para a terceira gestão seguida da reitoria comandada por um docente do interior. Na primeira rodada de votação, Glaucius Oliva, diretor do Instituto de Física de São Carlos, foi o vencedor, com 756 dos votos válidos. Caso vença o segundo turno, marcado para 10 de novembro, Oliva vai suceder Suely Vilela, de Ribeirão Preto, que por sua vez assumiu a reitoria depois de Adolpho Melfi, de Piracicaba.

Mas a segunda rodada é incerta. Em primeiro lugar, na votação de terça puderam participar 1.641 eleitores, número que se reduz a um quinto na próxima fase. Mais que isso, reduz-se fortemente a participação de estudantes, de funcionários e de professores nos primeiros anos de carreira, ficando os titulares com ampla maioria na escolha.

Outro fator de incerteza é a posição do segundo colocado. João Grandino Rodas, diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, obteve 643 votos, seguido por Armando Corbani Ferraz,  pró-reitor de Pós-Graduação. Francisco Miraglia, professor do Instituto de Matemática e Estatística e único dos candidatos oficiais que não ocupa cargo de direção, veio a seguir, com 295 votos.  Sonia Penin, diretora da Faculdade de Educação e ex-pró reitora de Graduação, teve 272 apoios, 70 a mais que Ruy Altafim,  pró-reitor de Cultura e Extensão. Na sequência vieram Wanderley Messias, que comanda a Coordenadoria de Comunicação Social, e Sylvio Sawaya, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Todos passaram para o segundo turno, quando será escolhida uma lista tríplice. A lista é encaminhada ao governador de São Paulo, no caso José Serra, que normalmente respeita a escolha da restrita comunidade votante e nomeia como reitor o nome mais bem colocado.

A atual reitora, Suely Vilela, fez uma avaliação do primeiro turno que certamente não condiz com os anseios de vários setores da universidade.  “Neste primeiro turno, o número de votantes é maior. No segundo, o número cairá. Então neste primeiro turno, o exercício da democracia é maior, podemos ver a diversidade dos votos e podemos perceber o que a comunidade quer”, disse.

Na realidade, em tese a vontade de parte da comunidade manifestou-se com mais força na votação organizada pela Associação dos Docentes da USP (Adusp). Aberta a todos os professores, a consulta deu a primeira posição a Francisco Miraglia, com 41,39% dos votos. Na realidade, a votação simbólica é parte das manifestações para mostrar o desagrado da comunidade interna com a atual estrutura de poder da universidade, coroada pela escolha indireta de reitores.

Parte dos docentes, alunos e funcionários entendem que o momento é propício para discutir a democratização da universidade. No Conselho Universitário, instância máxima de decisões da USP, a representação de estudantes e servidores é ínfima, e mesmo entre os docentes predomina fortemente a representação dos titulares.

A discussão sobre democracia foi fortalecida pela repressão policial autorizada em junho pela reitora Suely Vilela. Cabe ao comandante da administração central a autorização da entrada da Polícia Militar no campus. A gestão atual ficou marcada também pela ocupação da reitoria, ocorrida em 2007.

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