Miraglia vence consulta para reitor da USP entre docentes

Professor do Instituto de Matemática e Estatística é o favorito entre seus pares, de acordo com consulta da Adusp, mas votação efetiva é feita por conselho restrito

Adusp espera que esta seja a última vez em que a escolha de reitor será realizada de forma considerada “anacrônica e autoritária” pela entidade (Imagem: Adusp)

O professor Francisco Miraglia foi o vencedor da consulta organizada pela Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp) a respeito da escolha do próximo reitor. Ele recebeu 480 dos 1.090 votos registrados nas unidades da USP na capital e no interior do estado, o equivalente a 44,04%.

A consulta, organizada pela Adusp apenas entre docentes, é mais uma forma de demonstrar a insatisfação da entidade com a falta de democracia na maior universidade do país. A escolha do próximo reitor, a ser realizada em dois turnos neste e no próximo mês, envolve menos de 1% da comunidade universitária.

Mais que isso, a maioria dos votos cabe a professores titulares, com longa carreira na universidade, havendo pouca representatividade para estudantes, funcionários e docentes em início de vida acadêmica.

No segundo turno, cinco em cada seis dos votantes da primeira etapa são eliminados, aumentando a prevalência de titulares, em especial aqueles que fazem parte dos círculos de poder da USP. Entre os oito candidatos da segunda rodada, os votantes escolhem uma lista tríplice que é encaminhada ao governador do estado, que então indica o novo reitor.

Por isso, a Adusp entende que o melhor é a eleição de uma comissão que reveja o atual Estatuto da Universidade de forma a contemplar não apenas eleições diretas para reitor, mas a democratização dos fóruns decisórios da USP.

Francisco Miraglia, ex-presidente da associação, considera-se como único candidato real de oposição ao atual sistema. Defensor de reformas na estrutura da universidade, o professor do Instituto de Matemática e Estatística considera fundamental que os sujeitos da história da USP passem a ser aqueles que realmente fazem o trabalho cotidiano da universidade.

Na consulta realizada entre quarta (14) e quinta-feira (15) desta semana, o segundo colocado foi Glaucius Oliva, diretor do Instituto de Física de São Carlos, campus no qual certamente obteve boa parte de seus 169 votos (15,5%). A terceira colocada foi Sonia Penin, diretora da Faculdade de Educação e ex-pró reitora de Graduação, que obteve 144 apoios (13,21%).

João Grandino Rodas, diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, ficou logo atrás, com 10,46% do total, ou 114 votos.

Chico de Oliveira, professor aposentado e (anti)candidato, ficou praticamente empatado com Armando Corbani, pró-reitor de Pós-Graduação, e Wanderley Messias, que comanda a Coordenadoria de Comunicação Social. Ruy Altafim, pró-reitor de Cultura e Extensão, e Sylvio Sawaya, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, ficaram nas últimas posições.