Chantagem com a PEC

‘Nervosismo do mercado’ reverberado pela mídia é terrorismo, critica o Barão de Itararé

O Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé debate nesta quarta (23) com os economistas Leda Paulani e Antonio Corrêa de Lacerda os problemas concretos a serem enfrentados pelo governo Lula para além do “terrorismo midiático” sobre a PEC da Transição

Marcello Casal Jr./ABr
Marcello Casal Jr./ABr
Debate econômico brasileiros será pautado em live que será transmitida pelas redes sociais do Barão de Itararé nesta quarta (23), a partir das 19h15

São Paulo – O Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé promove nesta quarta-feira (23) uma live com os economistas Leda Paulani e Antonio Corrêa de Lacerda para debater os problemas concretos a serem enfrentados pelo próximo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na área da economia. O objetivo da discussão é levantar saídas da crise e medidas para promover o bem-estar social para além do “terrorismo midiático” com a Proposta de Emenda à Constituição que pode viabilizar recursos no orçamento de 2023 para programas sociais, a chamada PEC da Transição. 

De acordo com o centro de estudos, o “nervosismo do mercado” com a proposta de investir no Bolsa Família fora da regra fiscal do teto de gastos, reverberado pela imprensa comercial, é uma “chantagem e até mesmo terrorismo”. Com a live, o Barão de Itararé quer ainda desmistificar o “fanatismo neoliberal” por ajuste das contas públicas com os dois especialistas. 

Além de economista, Leda é também professora da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP) e ex-secretária de Planejamento da cidade de São Paulo no mandato de prefeito de Fernando Haddad (PT), entre 2013 a 2016. Já Lacerda é presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon). 

Desinformações sobre a PEC

O debate será transmitido pelas redes sociais do centro de estudos, a partir das 19h15. A opinião de Leda já havia se tornado pública nesta semana após entrevista ao jornalista Jô Miyagui, do Seu Jornal, da TVT, em que ela condenou o “alarmismo do mercado em torno da PEC da Transição”. 

A crítica levou em conta uma declaração do ex-presidente do BNDES Edmar Bacha que atribuiu o equilíbrio fiscal à poupança. Em uma entrevista à emissora CBN, Bacha alegou que “essa coisa que tem governo de um lado e banqueiro do outro é uma ilusão. O que tem, na verdade, é o governo emitindo dívida e a população financiando isso, inclusive, através das cadernetas de poupança. A segurança das cadernetas de poupança do povo depende do fato do governo ter uma dívida equilibrada”, disse. De acordo com a professora da USP, porém, a afirmação é “absurda”. 

“Quando eu comecei a ouvir falar essa coisa de congelar caderneta de poupança e tal, aí eu falei ‘isso é fake news de bolsonaristas, não tem nem dúvida’. ‘São essas coisas que os bolsonaristas inventam para ficar tumultuando, pois até agora eles não aceitaram a vitória do presidente Lula’. Mas eu fiquei estarrecida quando eu vi que era Edmar Bacha, que era um economista respeitado, falar um absurdo desse”, rebateu Leda.

O que diz a equipe

Os interlocutores de Lula na área econômica indicaram nesta terça (22), contudo, que devem incluir um mecanismo que garanta uma nova “âncora” fiscal para acalmar o mercado financeiro e os empresários. Os senadores Alessandro Vieira (PSDB-SE) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentaram propostas de PEC alternativa para atender aos anseios do mercado. A ideia é que, enquanto o texto da equipe de transição de Lula prevê R$ 198 bilhões fora do teto de gastos no ano que vem, a proposta de Vieira propõe a retirada de R$ 70 bilhões do teto por quatro anos; enquanto a de Jereissati retiraria R$ 80 bilhões definitivamente.

O ex-ministro da Fazenda e do Planejamento, o economista Nelson Barbosa, integrante da área econômica da transição, já anunciou que o novo governo poderá gastar mais no próximo ano, em até R$ 136 bilhões, sem aumentar os gastos em relação ao total das despesas do orçamento deste ano.

Entre os economistas progressistas também é consenso de que as medidas propostas pelo presidente eleito não vão provocar inflação, desemprego, alta do dólar, desequilíbrio nas contas públicas, ou até mesmo aberrações alardeadas, como o congelamento de caderneta de poupança, desmentindo assim os que seguem a linha neoliberal e espalham notícias duvidosas.

Acompanhe nesta quarta a live com os economistas