Sinal amarelo

Montadoras dão férias coletivas. Setor aponta necessidade de reduzir juros

“Se nós queremos crescer, retomar a indústria, com essa taxa de juros não vamos fazer”, declarou recentemente o presidente da Anfavea

Hyundai/Divulgação
Hyundai/Divulgação
Parada na Hyundai em Piracicaba (SP) começou hoje e vai até o início de abril

São Paulo – Com demanda em baixa e juros altos, algumas montadoras de veículos decidiram conceder férias coletivas a parte dos funcionários, acendendo sinal amarelo no setor. Depois da Volkswagen, em fevereiro, agora é a vez de General Motors, Hyundai e Stellantis (dona das marcas Fiat, Peugeot e Citröen) anunciarem paradas neste mês e no próximo.

Algumas empresas já vinham sofrendo com falta de componentes, o que levou a sucessivas interrupções da produção desde 2020. Agora, segundo representantes do setor automobilístico, problemas como juros altos e inflação levam as montadoras a, como dizem, adequar a produção à demanda mais fraca.

Adequar os volumes

A Hyundai, por exemplo, informou que vai conceder férias coletivas a partir desta segunda-feira (20) e até 2 de abril, para os três turnos de produção e áreas administrativas da fábrica de veículos em Piracicaba (SP). A unidade produz os modelos HB20 e Creta. A medida não atinge a fábrica de motores, no mesmo local.

Segundo a empresa, o objetivo é “adequar os volumes de produção” para o mês de março, evitando a formação de estoques. “E acompanhando a dinâmica do mercado interno de veículos para o primeiro trimestre do ano”. Os volumes programados para os demais meses estão mantidos.

Assim não vai crescer

Desse modo, a GM de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, também interior paulista, se soma às montadoras com férias coletivas. A parada começa na próxima segunda (27) e vai até 11 de abril. A produção da picape Chevrolet S10 será atingida. A Stellantis, por sua vez, dará férias alternadas em Goiana (PE).

Assim, durante recente entrevista coletiva, o presidente da Anfavea (associação nacional das montadoras), Márcio de Lima Leite, falou sobre a necessidade de redução dos juros. “O desempenho do primeiro bimestre, limitado pelas condições de crédito e oferta de suprimentos, reforça a necessidade de promover o reaquecimento do mercado e as cadeias locais de produção”, afirmou o executivo.

“Se nós queremos crescer, retomar a indústria, com essa taxa de juros não vamos fazer. Não há dúvida em relação a isso. E não estamos elucubrando: com essa taxa de juros, o mercado não cresce. Engrossar o coro para redução dos juros é fundamental ao nosso crescimento.”

O Comitê de Politica Monetária (Copom), do Banco Central, vai se reunir amanhã e quarta-feira (21 e 22), para decidir sobre a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano O governo tem criticado o atual nível dos juros. Centrais sindicais programaram protestos.


Leia também


Últimas notícias