Banqueiro no ninho

‘BC aplica remédio errado’, diz Gleisi em lançamento de campanha por juros baixos

Além do lançamento da campanha por parlamentares da base de apoio do governo Lula, Protestos em diversas partes do país condenam taxa básica de juros 137% acima da inflação

Reprodução/Twitter
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Manifestantes diante do Banco Central no Rio de Janeiro. Atos foram realizados ao longo do dia em todo o pais

São Paulo – A presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, reforçou a reivindicação de seu partido e dos movimentos sindicais e sociais que saíram às ruas nesta terça-feira pedindo juros mais baixos. “O Banco Central não pode aplicar um remédio errado e comprometer o crescimento do Brasil. O fato de ter autonomia e ter mandato não dá ao Banco Central, que é uma autarquia do estado brasileiro, o direito de ser o responsável pela economia no país”, disse.

Gleisi participou do lançamento de uma campanha pela baixa dos juros encabeçada pelo deputado federal Lindbergh Faria (PT-RJ). A iniciativa conta com o apoio de parlamentares da base de apoio do governo Lula. Ela lembrou que os juros no Brasil, cuja taxa básica anual é de 13,75%, impedem o crescimento econômico, além de prejudicar a população.

“Esses juros impedem o crescimento econômico, o investimento privado. Como consequência, o crédito fica comprometido e isso nem afeta diretamente a população na geração de empregos, na geração de renda. Nós precisamos sair desse ciclo vicioso”, disse.

Participaram também do lançamento da campanha os deputados André Janones (Avante-MG), Guilherme Boulos (Psol-SP) e Jandira Feghali (PcdoB-RJ), entre outros parlamentares.

O evento fez parte deste dia de mobilização pelos juros baixos e pela saída do bolsonarista Roberto Campos Neto da presidência do Banco Central. As atividades começaram logo cedo, com protestos na frente do BC no Rio de Janeiro e em São Paulo, entre outras localidades. E se estenderam longo da tarde em diversas partes do país.

Atos contra os altos juros duraram o dia todo

Os protestos foram contra a taxa básica de juros (Selic) de 13,75% – quase 8 pontos percentuais, ou 137%, acima da inflação oficial. E uniu partidos e organizações como CUT, CTB, CSP, CSB, Frente Brasil Popular, Frente Povo sem Medo, Força Sindical, UGT, Levante, MST, PT, PCdoB, Psol, sindicatos dos bancários. A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e federações estaduais da categoria estão entre os organizadores.

À tarde, em Brasília, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, reforçou os pedidos de saída do Campos Neto. “Já que ele acredita em juros altos e na recessão, que entregue o cargo e vá embora, porque isso ficou no passado, quando o povo brasileiro derrotou o governo genocida de Jair Bolsonaro e elegeu Lula”, disse o dirigente.

Para Nobre, o Brasil precisa de alguém no BC “que ajude a tirar o país desse caos que foi instalado nos últimos seis anos, que ajude a mudar os rumos para o Brasil voltar a ter emprego e o povo brasileiro volte a ter dignidade”.

“Juros altos significam menos emprego, prejudicam desenvolvimento do país, esse debate foi feito na campanha e a posição do Campos Neto foi derrotada.  Portanto ele não tem mais o que fazer na presidência do Banco Central”, disse ainda a liderança.

“Temos os juros mais altos do mundo. Com o controle do Banco Central, o sistema financeiro eleva a Selic e não controla a inflação. Manter os juros altos encarece o crédito, em um momento em que a população está sem renda. Assim, desaquece a economia brasileira”, disse a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva. “Não podemos aceitar que o Banco Central mantenha uma política econômica contrária aos interesses dos trabalhadores.”

Sérgio Nobre, presidente da CUT, em ato em Brasília. Foto: Reprodução

Campos Neto não pretende fixar juros baixos

A hashtag #ForaCamposNeto também movimentou as redes sociais. Em entrevista nesta segunda-feira (13) ao programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, o bolsonarista tentou apresentar uma postura moderada e cordial em relação ao governo. Mas ignorou as críticas, não cogitou mexer na Selic e dnem na meta de inflação para o próximo biênio.

“Existem, obviamente, aprimoramentos (do sistema de metas) a se fazer. Não tem só uma proposta, há mais de uma. Mas, em nenhum momento, entendemos que o movimento de aprimoramento do sistema de metas seja um movimento que vise ganhar flexibilidade ou atuar de forma diferente”, disse Campos Neto na entrevista.

A jornalista e ativista Hildegard Angel defende a demissão. “O presidente do Banco Central, Campos Neto, por uma questão de honra e formação moral, tem obrigação de pedir demissão do cargo, depois do espantoso ‘erro técnico’ de 60 bilhões somados ao balanço do governo passado gerando superávit, quando havia DÉFICIT! Uma maquiagem de 60 bi!”, escreve.

Na ata da mais recente reunião do Copom, em 1º de fevereiro, o BC alegou “incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva”.

Campos Neto foi indicado por Jair Bolsonaro em fevereiro de 2019, após decreto presidencial que instituiu a “independência” da autarquia federal. O decreto determinou ainda mandato de quatro anos ao presidente do BC. Assim, ele deve ficar até o final de 2024, caso não renuncie nem seja afastado pelo Senado, por não cumprir as metas de inflação.

Confira alguns vídeos

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