Benefícios

Bancários assinam acordo e estimam acréscimo superior a R$ 14 bilhões na economia

Nova convenção coletiva tem duração de dois anos e garantia de reajuste, incluindo vales e PLR. Categoria movimenta quase R$ 76 bi

Sind. Bancários SP
Sind. Bancários SP
Representantes dos bancários assinam nova convenção coletiva: negociação foi difícil pela conjuntura, mas direitos foram mantidos e ampliados

São Paulo – Com a convenção coletiva renovada por dois anos, os bancários estimam que o acréscimo na economia ficará em torno de R$ 14,2 bilhões. O valor inclui reajustes, abono e participação nos lucros ou resultados (PLR). A estimativa do Dieese é de que a categoria movimenta em torno de R$ 75,8 bilhões, entre massa salarial, vales, abono e PLR.

Conforme aprovado pelas assembleias na semana assada, o acordo prevê 8% de reajuste neste ano, e aumento maior, de 10%, para os vales alimentação e refeição (VA/VR), abono em 14ª cesta alimentação de R$ 1.000, 13% de reajuste na parcela adicional da PLR (aumento real estimado de 3,83%), reposição da inflação (estimado em 8,83% – o INPC de agosto ainda não foi divulgado) nos demais valores fixos e tetos da PLR. Também se assegurou ajuda de custo de teletrabalho para quem fica integralmente em home office (R$ 1.036,80/ano). Além disso, para o ano que vem está garantido reajuste pelo INPC, mais 0,5% de aumento real, em todas as cláusulas econômicas.

Acordo mantido e ampliado

Os representantes dos bancários lembram que todas as cláusulas da convenção coletiva foram mantidas. E com inclusão de itens como a regulamentação do teletrabalho, que prevê o controle de jornada, direito à desconexão, fornecimento de equipamentos, promoção da saúde do trabalhador e inclusão de todos os benefícios do acordo. A convenção também trata de combate à violência sexual e prevenção à violência contra mulher. Prevê ainda discussão sobre metas e assédio moral, em reuniões específicas por banco.

“Foram negociações difíceis com a Fenaban, que começaram com os bancos apresentando propostas de reajuste rebaixadas, como a que cobria apenas 65% da inflação”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando Nacional da categoria. “Mesmo em uma conjuntura desfavorável para os trabalhadores, mantivemos nossos direitos e não recuamos em nenhuma conquista anteriormente prevista na nossa convenção. Além disso, com os reajustes previstos em 2022, a remuneração anual média dos bancários ficará acima da inflação para a maioria da categoria (69%)”, acrescentou.

Negociação importante para o país

A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), também coordenadora do Comando Nacional, destacou o avanço nos itens sobre vales e PLR. “Certamente o reajuste dos salários também poderia ser melhor, já que os lucros e a rentabilidade dos bancos crescem muito acima da inflação, mas precisamos analisar o resultado da campanha levando em conta a conjuntura de ataques aos direitos dos trabalhadores, com os bancos irredutíveis. Os privados apoiados por um governo que beneficia apenas a classe empresarial e os públicos seguindo as orientações deste mesmo governo, que quer tirar nossos direitos a qualquer custo”, observou. Juvandia também ressaltou as cláusulas sobre teletrabalho e assédio. “Esta mesa de negociações é importante para a categoria, mas também para a sociedade, pois avança em temas que são relevantes para o conjunto dos trabalhadores e para todo o país.”

De acordo com cálculos da subseção do Dieese na Contraf-CUT, o acordo dos bancários representará um total estimado em R$ 14,2 bilhões a mais na economia até agosto de 2024, quando deverá ser fechado o próximo acordo. Apenas o reajuste de 8% neste ano soma aproximadamente R$ 4,2 bilhões, com elevação da massa salarial da categoria para R$ 56,4 bilhões. A PLR deverá pôr em circulação mais R$ 8,7 bilhões até março do ano que vem, sendo R$ 4 bilhões já neste mês, com pagamento da antecipação. Já o reajuste de VA e o VR somam R$ 932 milhões.

Leia também: Bancários têm proposta de acordo por 2 anos, com PLR, reajuste e cláusulas sobre teletrabalho e assédio

“Os ganhos da categoria bancária são importantíssimos para recompor o poder de compra das bancárias e dos bancários em um cenário econômico complicado, marcado principalmente pela alta dos preços dos alimentos, mas também para estimular a economia brasileira como um todo”, afirma o economista do Dieese Gustavo Cavarzan. Segundo ele, “o dinamismo de nossa economia é fortemente determinado pelo mercado interno, que depende de empregos de qualidade e de remuneração crescente”. Nesse sentido, acrescenta, a campanha “contribui para estimular inúmeros outros setores econômicos como comércio, restaurantes e supermercados, com os bilhões que já estão sendo injetados na economia”.