Informalidade

Trabalho sem carteira cresce duas vezes mais que o formal e bate recorde. Desemprego recua. Renda também cai

Se por um lado a ocupação é recorde, o número de trabalhadores sem carteira assinada é o maior da série histórica

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Brasil tem agora 98,7 milhões de ocupados e 9,9 milhões de desempregados, segundo as estimativas do IBGE

São Paulo – A taxa de desemprego mantém tendência de queda, atingindo 9,1% no trimestre encerrado em julho, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta quarta-feira (31) pelo IBGE. A menor taxa nesse período é de 2014 (7%). De acordo com o instituto, o número de desempregados foi estimado em 9,882 milhões. Queda de 12,9% no trimestre e de 31,4% em 12 meses.

Apesar dos dados positivos, a redução se dá, em boa medida, pela informalidade, que se mantém na casa dos 40%. Agora, corresponde a 39,8% dos ocupados, ante 40,1% no trimestre anterior e 40,2% há um ano. São 39,3 milhões.

Com e sem carteira

Assim, na comparação com igual período de 2021, o emprego com carteira assinada no setor privado (35,801 milhões de pessoas) cresce 10%. Já o emprego sem carteira (13,075 milhões, o maior número da série histórica) aumenta duas vezes mais: 19,8%. E o trabalho por conta própria (25,873 milhões) sobe 3,5%. Por sua vez, o número de trabalhadores domésticos (5,832 milhões, na maioria empregos sem carteira assinada) cresce 14,1%.

Com isso, mostra o IBGE, o número de ocupados foi a 98,666 milhões, recorde da série histórica, iniciada em 2012. São 2,2% a mais no trimestre e 8,8% em 12 meses. Entre os 8 milhões de ocupados a mais em relação a 2021, o número de sem carteira supera o com carteira, somados todos os segmentos.

Subutilização e desalento

Os chamados subutilizados, pessoas que gostariam de trabalhar mais, agora são 24,307 milhões, queda de 6,9% no trimestre e de 24% em um ano. A taxa de subutilização é de 20,9%, a menor desde 2016. Já os desalentados somam 4,229 milhões, quedas de 5% e 19,8%, respectivamente.

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Entre os setores, também na comparação anual, o emprego no comércio/reparação de veículos cresce 13,2% (mais 2,238 milhões) e os serviços de alojamento e alimentação, 19,7% (894 mil). A indústria tem alta de 8,2% (966 mil) e a construção, de 7,4% (516 mil). Agricultura/pecuária cai 1,8% (menos 162 mil pessoas).

Estimado em R$ 2.693, o rendimento médio cresce 2,9% no trimestre, mas cai na mesma proporção em relação a 2021. Também em comparação com o ano passado, a renda dos empregados com carteira cai 3,1% no setor privado e 11,6% no público.