Retomada

Petrobras: trabalhadores cobram fim do PPI e investimentos, em reunião com campanha de Lula

Coordenador do programa de governo, Aloízio Mercadante prometeu “transição progressiva para sair do PPI e abrasileirar o preço dos combustíveis”

Agência Petrobras
Agência Petrobras

São Paulo – Representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) se reuniram nesta quinta-feira (30) com coordenadores do programa de governo da chapa Lula-Alckmin. No encontro, que ocorreu na sede da FUP, no centro do Rio de Janeiro, os trabalhadores apresentaram propostas para o setor de petróleo e gás no eventual governo Lula. O consenso geral é que a Petrobras precisa voltar a ser uma empresa integrada e recuperar seu papel estratégico de indução do desenvolvimento do país. Outro tema central foi a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada pela estatal desde 2016, que vem causando a explosão dos preços dos combustíveis no Brasil.

Aloizio Mercadante, coordenador do programa da coligação Vamos Juntos pelo Brasil, prometeu uma estratégia “consistente, responsável, de transição progressiva” para substituir o PPI. Conforme o pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva vem reafirmando, a ideia é “abrasileirar” os preços dos combustíveis, “construindo uma média ponderada do que é importado e do que é produzido no Brasil“, disse Mercadante.

“O PPI é uma coisa inaceitável. Quando o Pedro Parente (presidente da Petrobras no governo Temer) introduziu o preço do combustível dolarizado, não houve nenhuma grande discussão, em nenhuma instância da democracia brasileira”, afirmou. Para ele, “não faz sentido nivelar por cima o preço. Isso é um instrumento para desnacionalizar a Petrobras, privatizar refinarias, desmobilizar ativos”.

Ele também criticou as medidas fiscais que o governo prepara para tentar conter a alta dos combustíveis: “Tudo isso tem prazo de validade, até o final do ano. E deixa uma bomba fiscal para o próximo governo”.

Dependência

O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, destacou que, por causa do PPI, no governo Bolsonaro o preço da gasolina nas refinarias teve alta de 169,1%. O diesel subiu 203,6%. E o gás de cozinha, 119,1%. Enquanto isso, o salário mínimo aumentou 21,4% no mesmo período.

Ao mesmo tempo, houve aumento substancial no número de importadores de derivados de petróleo atuando no país. Até o fim do ano passado, eram 634 traders vendendo combustíveis do exterior.

Além disso, Bacelar também criticou a queda do refino no país. Entre 2007 e 2014, o fator de utilização (FUT) das refinarias da Petrobras chegava a 90%. Posteriormente, em 2008, caiu para 76%, retomando o patamar de 80% de 2020 para cá. E também denunciou a intenção do atual governo de vender nove das 14 refinarias da estatal, o que significa privatizar 50% da capacidade de refino. Duas delas – a Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, e a Refinaria Isaac Sabbá (Reman), já foram entregues à iniciativa privada por preços abaixo do valor de mercado.

Investimentos

Nesse sentido, ele cobrou, como prioridade, a retomada dos investimentos na Petrobras no refino, bem como nos setores de fertilizantes e transição energética. Desse modo, o líder dos petroleiros destacou que os investimentos totais na Petrobras caíram de 11%, em 2009, para apenas 2,8% em 2021.

Em resposta, Mercadante destacou que a Petrobras precisa recuperar seu papel estratégico de indução do desenvolvimento e seus instrumentos de mitigação de choques externos de preços. “Esse processo de esquartejamento da Petrobras está terminando com a presença regional da empresa. A companhia está contratando agora quinze plataformas, nenhuma a ser produzida no Brasil”, criticou. O ex-ministro observou que atualmente o Brasil é o décimo produtor mundial de petróleo e o nono maior consumidor, o que representa “uma importante vantagem competitiva”.