Consumidor paga

Petrobras vai anunciar lucro de 2021 nesta quarta: R$ 100 bi, diz Ineep

Estimativas do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustiveis apontam alta da gasolina e do diesel como razão principal do salto bilionário nos ganhos dos acionistas

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Além da alta dos preços, volume de vendas de gasolina e diesel saltaram 19,2% e 16,6% respectivamente em 2021

São Paulo – Estimativas do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustiveis (Ineep) apontam lucro líquido da Petrobras de R$ 103,3 bilhões em 2021, podendo variar entre R$ 99,7 bi e R$ 105,5 bi. Essa variação tem a ver com “lançamentos não recorrentes” ligados à venda de ativos e outras despesas contábeis, que podem aparecer, ou não, no balanço do último trimestre do ano passado. A estatal irá divulgar seus resultados na próxima quarta-feira (23). Em 2020, o lucro da Petrobras foi de R$ 7,1 bilhões.

O principal fator para esse “superlucro”, segundo o Ineep, é o aumento das receitas com a venda dos combustíveis no mercado interno, que tiveram crescimento estimado de 79%. Esse crescimento, por sua vez, está relacionado com o aumento do volume de venda de gasolina e diesel, que registraram altas de 16,6% e 19,2%, respectivamente. Mas, principalmente, pela elevação dos preços desses combustíveis. Até o terceiro trimestre, a Petrobras já acumulava quase R$ 75,2 bilhões de lucro líquido no ano.

Depois que a Petrobras adotou a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), as variações do petróleo no mercado internacional são repassadas diretamente ao mercado interno. Assim, nas refinarias, o preço da gasolina registrou alta de 68% no ano passado. Já o preço do diesel avançou 58%.

Nos postos, o gasolina subiu 46% em 2021, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP). No início do ano, o litro da gasolina custava, em média, R$ 4,60. Em dezembro, preço médio foi de R$ 6,67. Do mesmo modo, o diesel saltou de R$ 3,60, para R$ 5,30, alta de 47%.

Além dos ganhos com a venda dos combustíveis, o Ineep destaca que houve redução do custo de produção da companhia. Por outro lado, outros R$ 30 bilhões vieram da venda de ativos. Somente a privatização da Refinaria Landulpho Alves (Rlam) na Bahia rendeu mais R$ 10 bilhões à estatal.

Consumidor financia lucro dos acionistas

Esses resultados devem garantir a distribuição de R$ 63 bilhões de lucros e dividendos aos acionistas da Petrobras. Os investidores estrangeiros devem ficar com quase metade desse bolo, já que detêm 44,42% da composição acionária da estatal. Os investidores brasileiros, por outro lado, somam apenas 18,84%. O restante é controlado diretamente pelo governo federal (28,67%). Ou indiretamente, por meio do BNDES (7,03%) e do BNDESPar (1,04%).

“Por conta desses resultados operacionais, o Ineep projeta que, em 2021, o lucro antes do resultado financeiro, participações e impostos (sem considerar a venda de ativos e impairments) deverá alcançar cerca de R$ 176 bilhões”, aponta o instituto. Trata-se de crescimento de 109,5% em relação a 2020.

Assim, para ampliar os resultados distribuídos aos acionistas, a estatal também operou com maiores margens de lucro no ano passado, segundo o instituto. Os pesquisadores estimaram que a margem de lucro operacional da Petrobras ficou em 39,1% em 2021, o que representa avanço de oito pontos percentuais em relação ao ano anterior.