Nova realidade

FGV lança índice de ‘inflação do aluguel’. Queda na renda força negociação

Enquanto o tradicional IGP-M, usado pelo mercado imobiliário, subiu quase 18% em 2021, o recém criado Ivar variou -0,61%

Reprodução
Reprodução
O Ivar-FGV caiu 0,61% em 2021. Queda chegou a 1,83% em São Paulo

São Paulo – Lançado na manhã desta terça-feira (11) pela Fundação Getulio Vargas, o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar) subiu 0,66% em dezembro, menos que no mês anterior (0,79%). Assim, em 12 meses, o novo indicador, que vinha se mantendo positivo, agora acumula variação de -0,61%. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, o Ivar foi criado para medir com mais precisão os valores de aluguéis residenciais no país. “Representa uma inovação nas estatísticas públicas do FGV IBRE por usar informações obtidas diretamente de contratos assinados entre locadores e locatários sob intermediação de empresas administradoras de imóveis”, diz a entidade. Até hoje, o indicador geralmente utilizado no mercado imobiliário é o IGP-M, também da FGV, que chega a ser chamado de “inflação do aluguel”. Diferente em sua composição e na metodologia, o IGP-M acumulou alta de 17,78% em 2021.

Negociações

“O setor imobiliário foi profundamente afetado pelos efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho”, diz Paulo Picchetti, pesquisador do FGV IBRE e responsável pela metodologia do novo indicador. “O desemprego elevado sustentou negociações entre inquilinos e proprietários que resultaram, em sua maioria, em queda ou manutenção dos valores dos aluguéis, contribuindo para o recuo da taxa anual do índice”, acrescenta.

“Ainda que a inflação, medida pelos principais índices de preços do país, esteja em aceleração, a variação interanual dos aluguéis residenciais segue em desaceleração”, afirma, por sua vez, o coordenador dos índices de preços da entidade, André Braz. “A alta da inflação vem reduzindo a renda familiar, que segue pressionada pela apatia da atividade econômica e pelo alto índice de desemprego. Com a renda familiar em baixa, os valores dos aluguéis tendem a acompanhar tal tendência, refletindo o avanço das negociações entre inquilinos e proprietários.”

Quatro capitais

De acordo com a instituição, o Ivar será calculado com base em dados coletados de contratos assinados por inquilinos e locatários de quatro capitais (Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte), obtidos em administradoras de imóveis. De novembro para dezembro, o índice subiu menos em São Paulo (0,48%) e no Rio (1,03%), acelerado em Belo Horizonte (1,17%) e Porto Alegre (0,43%).

No acumulado em 12 meses, a capital paulista registrou queda de 1,83% e a gaúcha, de 0,35%. Houve alta de 1,46% em BH e de 0,46% no Rio. Ainda segundo a FGV, o objetivo é “preencher uma lacuna nas estatísticas nacionais nesse nicho”. Com isso, a entidade espera que o Ivar mostre com mais precisão o cenário de oferta e demanda de locação residencial.