País mais pobre

Com mais gente na informalidade, desemprego para de subir. E rendimento cai

Emprego sem carteira teve as maiores altas da série. E número de trabalhadores por conta própria é recorde, assim como a queda na renda. Informais são 37 milhões, 41% dos ocupados

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Em um ano, emprego com carteira sobe 7%, mas o sem carteira aumenta 23%

São Paulo – A taxa de desemprego no Brasil parou de crescer, devido, em boa parte, ao mercado informal. O aumento no número de ocupados no trimestre encerrado em agosto vem principalmente do trabalho sem carteira (com as maiores altas da série histórica) ou por conta própria. Com empregos mais precários, o rendimento diminuiu, também com recorde. Os dados estão na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta quarta-feira (27) pelo IBGE.

Assim, a taxa média foi a 13,2%, ante 14,6% em maio e 14,4% há um ano. Esse percentual equivale a uma estimativa de 13,656 milhões de desempregados – menos 1,139 milhão no trimestre (-7,7%) e praticamente estável em relação a agosto do ano passado (-1%).

Sem carteira cresce mais

De acordo com a pesquisa, o número de ocupados chega a 90,188 milhões. São 3,480 milhões a mais no trimestre, crescimento de 4%. O emprego com carteira no setor privado cresceu 4,2% e o sem carteira, 10,1%. Já o autônomo subiu 4,3%.

A diferença fica mais visível na comparação anual. Em relação a agosto de 2020, o mercado de trabalho tem 8,522 milhões de ocupados a mais, alta de 10,4%. Mas enquanto o emprego com carteira sobe 6,8%, o sem carteira aumenta 23,3%. E o trabalho por conta própria cresce 18,1%: esse contingente de autônomos é agora de 25,409 milhões, também o maior da série da Pnad.

Assim, segundo o IBGE, a taxa de informalidade foi a 41,1% da população ocupada, ou 37,1 milhões de trabalhadores. Tinha sido de 40% no trimestre anterior e 38% há um ano.

Em um ano, rendimento cai 10%

A chamada subutilização, que compreende pessoas que gostariam de trabalhar mais, teve taxa de 27,4%, caindo na comparação trimestral e anual. Agora, são 31,135 milhões. Já o numero de desalentados, que também diminuiu, soma 5,343 milhões, o equivalente a 4,9% da força de trabalho.

O número de trabalhadores domésticos (5,578 milhões), setor com mais informalidade, cresceu 9,9% em um trimestre e 21,2% em um ano. Nos dois casos, variações recordes. Quase 75% desses trabalhadores não têm registro em carteira.

Estimado em R$ 2.489, o rendimento médio caiu 4,3% no trimestre. Na comparação com 2020, a queda é ainda maior: 10,2%. Também foram retrações recordes. A massa de rendimentos (R$ 219,164 bilhões) ficou estável.