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Copom leva juros ao maior nível em quatro anos: inflação sobe e atividade fica abaixo do esperado

Foi o sexto aumento seguido, agora para 7,75% ao ano. E altas vão continuar

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Banco Central vê inflação ao consumidor em alta e atividade econômica em evolução abaixo do que estava previsto

São Paulo – Em decisão unânime e aguardada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou em 1,50 ponto percentual a taxa básica de juros. Com isso, a Selic chega a 7,75% ao ano, no maior nível desde setembro de 2017. A decisão foi anunciada no início da noite desta quarta-feira (27).

Foi a sexta alta seguida dos juros, que no início do ano estavam em 2%. Desde então, a inflação oficial não parou de subir, atingindo recentemente os dois dígitos. Apenas nas três últimas reuniões, o Copom aumentou a Selic em 3,5 pontos.

No comunicado divulgado logo depois da reunião, o colegiado afirma que o ambiente externo “tem se tornado menos favorável” e que a inflação traça um cenário “mais desafiador” para economias emergentes. No Brasil, a inflação ao consumidor continua elevada, diz o Copom, e acima do esperado.

Já a economia também mostra problemas, conforme aponta o órgão do BC. “Em relação à atividade econômica brasileira, indicadores divulgados desde a última reunião mostram uma evolução ligeiramente abaixo da esperada.”

O Copom já avisa, no comunicado, que a próxima reunião – a última de 2021 – terá outra alta, “da mesma magnitude”. “Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance ainda mais no território contracionista”, diz. Os integrantes do colegiado se encontrarão novamente em 7 e 8 de dezembro.

“É muito importante ressaltar que o aumento da taxa de juros tem se mostrado, ao longo do tempo, um instrumento muito perverso e pouco eficaz no combate à inflação, encarece o crédito para consumo e para investimentos, causa mais desemprego, queda de renda, piora o cenário  da economia”, afirma, em nota, o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. “E mais, concentra cada vez mais renda nas mãos de banqueiros e especuladores financeiros.”