Investigados

Procurador pede ao TCU afastamento de presidentes do BB e da Caixa

O pedido é para que o tribunal investigue o uso político dos bancos estatais no caso do atrito diante do manifesto da Febraban

Tomaz Silva/ABR e Arquivo ABR
Tomaz Silva/ABR e Arquivo ABR
Para procurador, presidentes da Caixa e do BB "demonstraram que o motor das decisões tomadas na condução das instituições possui forte viés político, em afronta ao esperado zelo pelo interesse público e não do governo de plantão"

São Paulo – Os presidentes do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, e da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, podem ser afastados dos seus cargos. Na manhã desta quarta-feira (8), o subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, apresentou representação em que pede a investigação por suposto uso político das instituições públicos no episódio do manifesto da Febraban.

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“Entendo que a questão ora em consideração encerra as condições necessárias e suficientes para que, com base no que dispõe o artigo 276, caput, do Regimento Interno do TCU, seja adotada medida cautelar determinando o afastamento tanto do presidente da Caixa Econômica Federal, Sr. Pedro Guimarães, como o do Banco do Brasil, Sr. Fausto de Andrade Ribeiro, uma vez que demonstraram que o motor das decisões tomadas na condução das instituições que dirigem possui forte viés político, em afronta ao esperado zelo pelo interesse público e não do governo de plantão”, diz Furtado.

“Estão evidentemente presentes, neste caso, ofumus boni iurise opericulum in mora, amparados na legislação aplicável à matéria, no fundado receio de ocorrer grave lesão ao interesse público e no risco de ineficácia de tardia decisão de mérito”, segue o procurador.

Apoiadores de Bolsonaro

Recentemente, Caixa e Banco do Brasil entraram numa disputa com a Febraban ao tomarem conhecimento da articulação de um manifesto. Por meio do documento, a federação dos bancos defenderia a harmonia entre os poderes. O recado veio diante dos ataques propagados por apoiadores de Jair Bolsonaro e pelo próprio presidente. Os dois bancos públicos ameaçaram deixar a Febraban, mas voltaram atrás.

Para o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, João Fukunaga, trata-se de mais uma tentativa de ameaças sem cabimentos, como foi o 7 de Setembro. “Eles não cansam de passar vergonha. Tentam ser autoritários, por questões políticas, reflexos dos desmandos do governo federal, mas percebem que não podem. Apenas demostram o desespero do governo”, disse. “Instituições públicas tão importante para o país não podem ser usadas desta forma. Que bom que o Banco do Brasil, por conta da sua governança corporativa, com ações listadas na bolsa, viu o perigo que seria deixar a Febraban. É bom para a categoria e para a instituição”, finalizou.

Uso político

Para a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, o caso do manifesto só reforça as denúncias, feitas pelo movimento sindical, de uso político do banco. “Pedro Guimarães criou o CaixaTur para viajar pelo país dizendo que está estimulando negócios. Na verdade, está em plena campanha eleitoral antecipada, o que é errado. A cada viagem faz declarações favoráveis ao atual governo e depreciativas dos governos anteriores”, afirmou.

Para o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto, é saudável que toda denúncia seja investigada. “A Caixa e o BB são bancos públicos. E tudo o que é público pertence a toda a população. É importante que toda a denúncia seja investigada com transparência e responsabilidade para que tudo fique esclarecido e a população seja informada. Se houver irregularidades, que os culpados sejam punidos”, disse Takemoto.


Com informações da Contraf-CUT