À deriva

Com taxa recorde, país se aproxima de 15 milhões de desempregados e 6 milhões de desalentados

Desemprego se manteve no nível mais alto, segundo o IBGE, que só apurou crescimento entre autônomos. Economia perde R$ 12 bilhões de rendimentos em um ano

Rovena Rosa/Agência Brasil
Rovena Rosa/Agência Brasil
Ante 2020, indústria, comércio e serviços fecharam vagas. Só a agricultura cresce

São Paulo – A taxa média de desemprego manteve-se no nível recorde de 14,7% no trimestre encerrado em abril, segundo o IBGE. Agora, o número de desempregados é estimado em quase 15 milhões (14,761 milhões). Acréscimo de 489 mil em três meses (crescimento de 3,4%) e de 1,950 milhão em um ano (15,2%). O total de desalentados aumentou ainda mais (18,7% e 12 meses) e se aproxima dos 6 milhões. A taxa de informalidade entre os ocupados cresceu e foi a 39,8%: 34,2 milhões de informais.

Os ocupados somam 85,940 milhões, número estável (-0,1%) no trimestre. Em relação a igual período de 2020, são menos 3,302 milhões (-3,7%). Também nesse intervalo, a população fora da força de trabalho cresceu 7,7% – 5,457 milhões a mais, para um total de 76,383 milhões.

“Ainda registramos perdas importantes da população ocupada (-3,7%), mas já tivemos percentuais maiores, que chegaram a 12% no auge da pandemia”, diz a analista Adriana Beringuy. “Estamos observando, portanto, uma redução no ritmo de perdas a cada trimestre. No cômputo geral, contudo, temos menos 3,3 milhões de pessoas trabalhando desde o início da pandemia.”

Queda com e sem carteira

Já os empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (menos trabalhadores domésticos) são 29,605 milhões. Número estável no trimestre e queda de 8,1% (menos 2,602 milhões) em um ano. Os empregados sem carteira somam 9,752 milhões, também com estabilidade em relação a janeiro e com retração de 3,7% (menos 374 mil) em 12 meses.

A única categoria com algum crescimento é a de trabalhadores por conta própria. Os autônomos são 24,040 milhões, alta de 2,3 no trimestre (537 mil) e de 2,8% (661) na comparação anual.

Subutilizados são 33 milhões

Também aumentou o total dos subutilizados, pessoas que gostariam de trabalhar mais: 33,252 milhões. Crescimento de 2,7% no trimestre (872 mil) e de 16% (4,6 milhões) em relação a igual trimestre do ano passado. A taxa de subutilização atingiu 29,7%, crescendo nas duas comparações.

Os trabalhadores domésticos, por sua vez, estão abaixo de 5 milhões (4,952 milhões). Total estável no trimestre e com recuo de 10,4% (menos 572 mil) em um ano.

Menos R$ 12 bi na economia

Entre os setores de atividade, o número de ocupados no comércio/reparação de veículos caiu 2,3% no trimestre, enquanto os demais ficaram estáveis. Em relação a 2020, a indústria perdeu 497 mil vagas e o comércio, 1,1 milhão, enquanto os serviços de alojamento e alimentação eliminaram 871 mil. A exceção foi a agricultura (mais 532 mil).

Estimado em R$ 2.532, o rendimento médio ficou estável em ambas as comparações. Mas, com a queda na ocupação, a massa de rendimentos, calculada em R$ 212,313 milhões, cai 5,4% em um ano. São R$ 12,056 bilhões a menos na economia.