Vida difícil

Inflação assombra a população e vai continuar subindo em itens básicos

Cozinhar, comer, acender a luz e sair de carro está mais caro. E salários perdem da inflação

Montagem RBA
Montagem RBA
Gás, energia e gasolina são apenas alguns dos itens cujo preço não para de subir

São Paulo – Nos primeiros meses de governo, o ministro Paulo Guedes, o mesmo que agora sugeriu distribuir sobras de comida e já reclamou de empregadas domésticas viajando para a Disney, disse que o preço do gás de botijão poderia cair pela metade em dois anos. Na época, considerando o valor médio, seria algo em torno de R$ 35. Hoje, passado o prazo-guedes, o produto chega a ser vendido a R$ 100 ou mais, dependendo da região.

Produto essencial no dia a dia, o gás de botijão foi um dos que mais aumentaram nos últimos 12 meses, segundo o IBGE. De junho do ano passado a maio deste ano, a alta foi de 24,05%, quase três vezes a inflação oficial (IPCA) do período. Apenas em maio, a taxa de 0,83% foi a maior para o mês desde 1996.

Aumentos seguidos

Desde 2017, a inflação sobe continuamente. Naquele ano, o IPCA somou 2,95%, passando para 3,75%, 4,31% e 4,52% nos seguintes. Em 2020, apenas o grupo Alimentação e Bebidas aumentou 14,09%, na maior alta em quase 20 anos. Neste 2021, apenas no período de janeiro a maio, o IPCA já está em 3,22%. O INPC é ainda maior: 3,33% no ano e 8,90% em 12 meses.

Em 2021, a alimentação não subiu tanto, mas os aumentos foram generalizados entre os itens pesquisados pelo IBGE (confira quadro acima). Alguns também fazem parte do cotidiano da população, como os combustíveis e a energia elétrica. A gasolina subiu 45,8% nos últimos 12 meses e o etanol ainda mais: 65,24%. A política de preços atrelada ao mercado internacional foi criticado, o presidente da Petrobras caiu, mas encher o tanque continua cada vez mais caro na era bolsonarista.

Bandeira tarifária e reajustes

E a conta de luz deve também continuar mais cara. Apenas em maio, a alta foi de 5,37%, o que se explica por dois fatores, segundo o gerente da pesquisa do IPCA, Pedro Kislanov. “O primeiro deles foi que em maio passou a vigorar a bandeira tarifária vermelha patamar 1, que trouxe uma diferença grande em relação à bandeira amarela, que estava em vigor de janeiro a abril. O outro fator é a série de reajustes que houve no final de abril em várias concessionárias de energia elétrica espalhadas pelo país”, aponta.

Segundo o gerente, o impacto desse item é anda maior no INPC do que no IPCA. “A energia elétrica tem um peso muito grande entre as famílias de menores rendas. Além disso, também pesou bastante o aumento da gasolina e das carnes.”

Cozinhar e comer está mais caro – isso inclui os preços da cesta básica, calculados pelo Dieese –, acender a luz está mais caro, tirar o carro da garagem está mais caro. Ao mesmo tempo, o cenário para as negociações salariais está mais complicado. Em abril, 60% dos reajustes ficaram abaixo da inflação (INPC), segundo o Dieese. A variação média dos acordos foi de-1,58%. Os resultados “revelam a persistência de um quadro desfavorável, que começou a se agravar em outubro de 2020”.


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