Montadoras

Volks para produção por 12 dias. E Justiça barra nova tentativa da Ford de demitir

Em medida tomada conjuntamente com sindicatos, empresa afirma que objetivo é “preservar a saúde de seus empregados e famiiares”

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Fábrica da Volks em São Bernardo do Campo: medida começa na próxima quarta-feira

São Paulo – Com a piora da pandemia no Brasil, a Volkswagen (Volks) decidiu suspender sua produção em todas as unidades, em São Paulo e no Paraná. A princípio, a paralisação será por 12 dias corridos, a partir da próxima quarta-feira (24).

“Com o agravamento do número de casos da pandemia e o aumento da taxa de ocupação dos leitos de UTI nos estados brasileiros, a empresa adota esta medida a fim de preservar a saúde de seus empregados e familiares”, diz a Volks, em nota. “Nas fábricas, só serão mantidas atividades essenciais.” Já funcionários administrativos ficarão em home office.

A empresa informou ainda que a medida “foi tomada em conjunto” com os sindicatos. Ontem (18), o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC comunicou que estava conversando com as associações das montadoras e dos fabricantes de autopeças, A ideia é discutir medidas preventivas, inclusive interrompendo atividades.

Em nota divulgada hoje, o sindicato informou que a Anfavea (associação das montadoras) ficou “sensibilizada” com a pauta, mas acrescentou que as “particularidades” de cada empresa impediam um acordo coletivo. Ficou decidido, então, que as negociações passariam a ser feitas por empresa.

“A direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC reitera que respeita as particularidades de cada empresa, porém a preocupação principal são as vidas dos trabalhadores. Continuaremos as negociações com as fábricas e atentos as ações dos governos municipais, estadual e federal”, diz a entidade.

MPT aciona Justiça contra a Ford

O Ministério Público do Trabalho (MPT) informou que conseguiu, também ontem, decisão judicial favorável contra demissões na fábrica da Ford em Camaçari (BA). Segundo o MPT, a ação foi movida depois que circulou a informação de que supervisores eram comunicados, via e-mail, que deveriam assinar termo de desligamento nesta sexta-feira. Sem negociação.

A Justiça do Trabalho já havia determinado que a montadora não poderia demitir até que concluísse o processo de negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos. No início do ano, a Ford comunicou o encerramento de suas atividades no Brasil. Com o consequente fechamento das fábricas de Camaçari, Taubaté (SP) e Horizonte (CE). Em audiências de conciliação nos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs), ficou definido um processo de negociação, com volta parcial ao trabalho, tanto em Camaçari como em Taubaté. Segundo o MPT, como houve “clara intenção de descumprir a liminar anterior”, o Judiciário aumentou a multa para R$ 5 milhões. Com acréscimo de R$ 250 mil por trabalhador atingido.

A intenção da empresa era de desligar supervisores e líderes, considerados ocupantes de funções de confiança. “Detectamos uma clara movimentação no sentido de dividir a base de trabalhadores, impondo individualmente a alguns empregados condições para o desligamento sem participação e sem o conhecimento do sindicato”, afirmou a procuradora Flávia Vilas Boas, do MPT na Bahia.


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