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IBGE afirma que corte no orçamento inviabiliza a realização do Censo

Representantes dos servidores também alertam para os riscos do trabalho presencial durante a pandemia

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Operação prevê 71 milhões de endereços a serem visitados pelo país

São Paulo – O corte orçamentário proposto para o Censo “inviabilizaria a operação”, afirma o IBGE. De um total previsto de R$ 2 bilhões para o Censo Demográfico de 2021, o relator, senador Márcio Bittar (MDB-AC), cortou R$ 1,76 bilhão, ou 88% do total. Ficariam apenas R$ 240 milhões.

O recenseamento deveria ocorrer em 2020, mas foi adiado devido à pandemia. E ainda está ameaçado de não ocorrer, por causa do agravamento da crise. Agora, tem o empecilho financeiro, conforme relatório divulgado no domingo (21), que ainda poderá ser modificado. Por sua vez, a direção do IBGE afirma que as informações proporcionadas pelo Censo “são essenciais para subsidiar políticas públicas em diversas áreas, especialmente em um contexto de pandemia”.

Pressão interna

Além dessa dificuldade, em várias unidades da federação existe pressão interna para que o Censo não seja realizado. Coordenadores encaminharam cartas ao chefes regionais do IBGE alertando para os riscos, tanto dos recenseadores como da população, de se realizar entrevistas na atual situação.

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No site do sindicato nacional dos servidores do instituto (Assibge), há cópia de abaixo-assinado que pede o adiamento da operação e de qualquer outra atividade de campo, por uma questão de segurança. “O nosso objetivo é que o Censo seja realizado apenas quando tivermos as condições sanitárias adequadas para tal e, para 2021, não há expectativa, pelo ritmo das campanhas de imunização, que alcancemos este índice”, diz o documento.

Caos sanitário sem controle

“Perdemos, todos os dias, colegas de trabalho vitimados por covid que ajudaram a construir o IBGE”, diz o sindicato. “Como o instituto imagina que pode levar a frente o trabalho presencial de campo, seja para o censo demográfico, seja para as demais pesquisas em meio ao caos sanitário sem controle em que nos encontramos?”, questiona a entidade, acrescentando que “a direção do IBGE se esquiva dos apelos de diálogo”.

Operação gigantesca, o Censo prevê que 71 milhões de endereços devem ser visitados, em 5.570 municípios. A população é estimada em 212 milhões. Assim, o instituto calcula que mais de 230 mil pessoas serão contratadas temporariamente, para tarefas como coleta de dados, supervisão, apoio e apuração.

“Além de um modelo misto de coleta (presencial, telefone e online) e tecnologia de fronteira de supervisão e monitoramento, os profissionais envolvidos no Censo observarão, em todas as etapas da operação, rígidos protocolos de saúde e segurança adotados pelo IBGE”, diz o instituto.