Cenário Internacional

Sem Bolsonaro, Fórum Econômico Mundial mostra Brasil ‘apequenado’

Economista Márcio Pochmann (Unicamp) diz que enquanto Estados Unidos e China anunciaram pesados investimentos para a retomada da economia, governo brasileiro aposta no aprofundamento do modelo “neoextrativista”

World Economic Forum/Pascal Bitz
World Economic Forum/Pascal Bitz
Edição de 2021 do Fórum Econômico Mundial ocorre virtualmente, em função da pandemia

São Paulo – O Fórum Econômico Mundial começou nesta segunda-feira (25), em Davos, na Suíça. O evento reúne líderes políticos e empresariais para discutir os rumos da economia mundial em meio à pandemia. Como no ano passado, o presidente Jair Bolsonaro não participará do evento. Ele será representado pelo vice, general Hamilton Mourão. O governador de São Paulo, João Doria, também deve participar.

Para o economista Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a ausência de Bolsonaro revela o “apequenamento” do Brasil no cenário internacional.

“Vejo que o Brasil segue sendo apequenado no cenário internacional. O Fórum Econômico Mundial abre um espaço que, de certa maneira, revela essa secundarização do Brasil no mundo”, afirmou Pochmann, em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta terça-feira (26).

Modelos

O economista destacou que enquanto os Estados Unidos e a China anunciaram pesados investimentos para sair da crise causada pela pandemia, o Brasil aposta em um modelo “neoextrativista”. “O que estamos vendo é uma dependência crescente desse modelo de extrativismo, que tem trazido resultados muito nefastos para o país”, disse Pochmann.

Ele ressaltou, inclusive, que o agronegócio brasileiro deve ser alvo de questionamentos do governo Biden. Além disso, as próprias autoridades norte-americanas atuaram em conjunto com a Lava Jato para enfraquecer o setor industrial do Brasil.

O presidente norte-americano Joe Biden, por exemplo, anunciou um pacote de recuperação de US$ 1,9 trilhão. Já o plano quinquenal chinês, anunciado no ano passado, prevê expansão da classe média de 300 milhões para 700 milhões de pessoas.

“Estamos vendo essas duas Nações preocupadas com a sua recuperação e expansão econômica. Aparentemente estamos caminhando para uma polarização, e não uma integração e convergência. Por outro lado, assistimos a uma América Latina e um Brasil cada vez mais incapacitados e enfraquecidos, de maneira geral, para participar desse processo de disputa por um futuro melhor.”

De acordo com Pochmann, os desafios para 2021 impõem respostas diferentes das aplicadas pela equipe econômica do atual governo. “Mas sabemos que só vai mudar se houver uma outra maioria política, e não essa que vem conduzindo o Brasil até o presente momento”.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira – Edição: Helder Lima