Muito além da inflação

Cesta básica segue em alta, com aumentos em 16 de 17 capitais. No ano, valor sobe até 35%

Em novembro, foi preciso trabalhar seis horas a mais para comprar os produtos da cesta. Salário mínimo necessário é de quase R$ 5.300

Reprodução/Montagem RBA
Reprodução/Montagem RBA

São Paulo – Os preços dos produtos da cesta básica mantêm sua trajetória de alta, assim como a inflação. Em novembro, aumentaram em 16 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese. No ano, a elevação é generalizada, chegando a até 35%, enquanto a inflação oficial em 12 meses está próxima dos 4%.

No mês passado, só houve queda em Recife (-1,30%). As maiores altas foram registradas pelo instituto em Brasília (17,05%), Campo Grande (13,26%) e Vitória (9,72%). “Além do arroz, óleo de soja e da carne, o tomate e a batata também apresentaram expressivos aumentos na maioria das cidades”, informa o Dieese.

Cinco vezes o mínimo

A cesta básica mais barata em novembro, calculada em R$ 451,32, foi a de Aracaju. As mais caras foram as do Rio de Janeiro (R$ 629,63) e de São Paulo (R$ 629,18). Com base na cesta carioca, o Dieese estimou em R$ 5.289,53 o salário mínimo necessário para as despesas básicas de um trabalhador e sua família. Esse valor supera em 5,06 vezes o mínimo oficial (R$ 1.045).

O tempo médio para adquirir os produtos da cesta foi de 114 horas e 38 minutos. Seis horas a mais do que em outubro. Quem ganha salário mínimo, descontada a Previdência, comprometeu 56,33% da renda líquida, ante 53,09% no mês anterior. Mas superou os 65% no Rio e em São Paulo.

De janeiro a novembro, a cesta básica sobe de 17,48% (Belém) a 35,39% (Salvador). Em 12 meses, passa dos 40% em Salvador (42,95%) e em Belo Horizonte (40,35%). Em São Paulo, a variação é de 35,07% e no Rio, de 38,27%. Confira todos os dados aqui.

Coleta presencial e a distância

O Dieese lembra que suspendeu em 18 de março a coleta presencial de preços, mantida apenas em São Paulo, “com a adoção de todos os protocolos de distanciamento e segurança indicados pelas autoridades sanitárias”. Em julho, a pesquisa presencial foi retomada em Belém. Isso voltou a acontecer, em novembro, em cinco capitais: Distrito Federal, Campo Grande, Goiânia, Fortaleza e Recife.

“Mais uma vez, a análise das variações de um mês para o outro deve ser feita com cautela, uma vez que a forma de coleta de preços da cesta foi alterada em cinco capitais”, pondera o instituto. “No entanto, foi possível identificar tendências de elevação no custo da carne bovina, do arroz, óleo de soja, açúcar, tomate e da batata na maior parte das cidades, o que demonstra que a pesquisa remota e a presencial tiveram resultados convergentes, comportamento que permite a divulgação dos preços”, acrescenta.

Carne, batata, óleo, arroz

Assim, enquanto a redução em Recife ocorreu devido à retomada da pesquisa em feiras livres, “onde tomate e banana são vendidos por menor preço”, em Brasília e Campo Grande as altas se devem à coleta em supermercados em açougues. A carne bovina de primeira, por exemplo, subiu em todas as capitais: de 1,64% (João Pessoa) a 18,41% (Brasília).

O preço da batata, pesquisada no Centro-Sul, também aumentou em todas as cidades. Foi de 13,99% (Curitiba) a 68,32% (Vitória). O óleo de soja e o arroz agulhinha subiram em 16 capitais e o tomate, em 15.