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Ford conclui venda, mas futuro da fábrica de São Bernardo ainda é incerto

Local onde eram produzidos automóveis e caminhões agora é propriedade de construtores e uma gestora de recursos

Adonis Guerra/SMABC
Adonis Guerra/SMABC
Trabalhadores na Ford resistiram, mas a empresa foi inflexível

São Paulo – Um ano depois do fechamento, a Ford confirmou neste sábado (31) a conclusão da fábrica de São Bernardo do Campo. Além da construtora São José, a unidade localizada no bairro do Taboão passa a ser propriedade da Fram Capital, gestora de recursos. Ainda não se sabe o que será feito no local. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que acompanha a negociação, espera pela retomada da atividade produtiva.

Os valores não foram divulgados, mas estima-se que tenham ficado próximos de R$ 550 milhões. Em nota, o presidente da Ford na América do Sul, Lyle Watters, afirma que foi a melhor alternativa para a região. Segundo a montadora, a medida (fechamento) adotada pela Ford para a venda da fábrica de São Bernardo era “um importante marco no retorno à lucratividade sustentável de suas operações” na região.

A empresa anunciou o fim das atividades em São Bernardo em fevereiro do ano passado. A partir daí, os metalúrgicos iniciaram uma campanha para reverter a decisão, incluindo uma viagem aos Estados Unidos para conversar com a direção. Mas a Ford não voltou atrás e foi encerrando gradativamente as atividades, até ficar com apenas parte do pessoal administrativo.

Na época, havia aproximadamente 4.300 funcionários na unidade do ABC, sendo 1.500 terceirizados. A fábrica, a mais antiga da Ford em atividade no Brasil (desde 1967), produzia automóveis e caminhões.

A última assembleia dos funcionários da unidade foi realizada em 29 de outubro de 2019. Durou exatos 78 minutos. Foi um assembleia marcada pelo ano em que a montadora completou o seu centenário no Brasil. A multinacional norte-americana encerrou no dia seguinte, 30 de outubro, as atividades na fábrica de São Bernardo. Foi uma fábrica adquirida em 1967, e por onde passaram pelo menos 100 mil trabalhadores, segundo Rafael Marques, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.