Destroçado

Desemprego e desalento recordes, subutilização aumenta e trabalho formal despenca

São 13 milhões de desempregados, 6 milhões de desalentados, 33 milhões de subutilizados. E R$ 10 bilhões a menos na economia

Reprodução/Montagem RBA
Reprodução/Montagem RBA
Pandemia agravou quadro que já era ruim. Mercado não abre vagas nem para informais

São Paulo – Mesmo com muita gente fora do mercado de trabalho, o que poderia reduzir a pressão sobre o índice, a taxa de desemprego no Brasil chegou ao recorde de 13,8% no trimestre encerrado em julho. É a mais alta da série histórica, iniciada em 2012. São 13,130 milhões de desempregados, 561 mil a mais em relação a igual período de 2019. Os resultados foram divulgados nesta quarta-feira (30) pelo IBGE.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua trouxe outros dados negativos. O desalento e a subutilização da mão de obra, por exemplo, também bateram recordes. E o total de ocupados atingiu o menor nível da série, assim como o número de empregos com registro em carteira.

Menor força de trabalho

A população ocupada agora soma 82,027 milhões. São menos 7,2 milhões em três meses (-8,1%) e menos 11,6 milhões na comparação com julho do ano passado (-12,3%). O nível de ocupação (ocupados em relação à população ativa) também é menor da história, abaixo de 50% (47,1%, perda de 7,6 pontos percentuais em um ano).

Além disso, a própria força de trabalho chegou ao seu menor nível. Agora, o total chega a 95,198 milhões, quase 11 milhões a menos em elação a 2019 – queda de 10,4%. E a população fora de força de trabalho chegou ao recorde de 78,956 milhões.

Desalento e subtilização

Os chamados subtilizados – pessoas que gostariam de trabalhar mais – agora somam 32,9 milhões. Acréscimo de 4,2 milhões (14,7%) em um trimestre e de 4,8% (17%) em 12 meses. A taxa de subutilização cresceu 5,6 pontos percentuais em um ano e chegou ao recorde 30,1%.

A população desalentada, por sua vez, chegou aos 5,8 milhões. Mais um recorde registrado pelo IBGE. Em relação a abril, são 771 mil a mais (crescimento de 15,3%). Sobre julho de 2019, acréscimo de 966 mil (20%). O percentual de desalentados em relação à força de trabalho atingiu 5,7%.

As em relação à população na força de trabalho ou desalentada (5,7%) também foi recorde, crescendo 1,0 p.p. frente ao trimestre anterior e de 1,4 p.p. contra o mesmo trimestre de 2019.

Nem com carteira, nem sem

Estimado em 29,385 milhões, o número de empregados com carteira assinada no setor privado é o menor da série. Diminuiu em 2,8 milhões em um trimestre (-8,8%) e em 3,8 milhões (-11,3%) na comparação anual. Também caiu o total de empregados sem carteira (8,691 milhões) e de trabalhadores por conta própria (21,406 milhões). Durante muito tempo, nos últimos anos, essas duas categorias sustentaram a ocupação.

O número de trabalhadores domésticos também é o menor da série histórica: 4,593 milhões. O setor perdeu 931 mil vagas frente ao trimestre encerrado em abril (-16,8%) e 1,686 milhão (-26,9%) em relação a julho do ano passado.

Queda generalizada

Ainda na comparação trimestral, a ocupação caiu em oito dos 10 grupos de atividade. A indústria, por exemplo, perdeu 916 mil vagas , queda de 8%. A construção eliminou 559 mil (-9,5%) e o comércio/reparação de veículos, 1,613 milhão (-9,%).

Em relação ao trimestre encerrado em julho de 2019, o emprego encolheu em nove dos 10 grupos. Menos 1,524 milhão na indústria (-12,7%), 1,313 milhão na construção (-19,7%), 2,449 milhões no comércio/reparação de veículos (-14%) e 599 mil na agricultura/pecuária (-6,9%). Em serviços de alojamento e alimentação, a retração foi de 30%: 1,625 milhão a menos.

Calculado em R$ 2.535, o rendimento médio subiu 4,8% no trimestre e 8,6% em 12 meses, indicando eliminação do emprego em setores de menor remuneração. Mas com a queda da ocupação, a massa de rendimento – R$ 203,016 bilhões – caiu 3,8% no trimestre e 4,7% em um ano. Isso corresponde a menos R$ 10,031 bilhões na economia.


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