‘Petrobras colonizada’ causa problemas com combustível de aviação, diz FUP
A única refinaria que fornecia gasolina de aviação no país, em Cubatão, teve sua produção interrompida pela Petrobras
Publicado 15/07/2020 - 20h20
São Paulo – A Associação dos Pilotos e Proprietários de Aeronaves (Aopa) divulgou manual como orientações a operadores de aeronaves afetadas por combustível de aviação supostamente contaminado. Desde a semana passada, pilotos e proprietários de vários estados brasileiros vêm sistematicamente relatando corrosão de equipamentos de aviões, como tanques, juntas, mangueiras e bicos injetores. Em decorrência dos danos, as aeronaves apresentam vazamentos.
Segundo o manual, redigido pelo escritório de advocacia Tristão Fernandes, as ações imediatas dos prejudicados devem ser “documentar com o máximo de fotos” os danos supostamente provocados pelo combustível contaminado, fazer relatórios detalhados dos últimos reparos feitos na aeronave e que, ao menor indício de combustível contaminado nos tanques dos aviões, os tanques sejam imediatamente descartados.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) vê relação entre o problema e a “gestão predatória” do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que cria uma “Petrobras colonizada”. A estatal está se “transformando em uma exportadora do petróleo de altíssima qualidade produzido no pré-sal, enquanto os brasileiros são obrigados a consumir derivados importados”, afirma a entidade em nota.
Além de pagar preços internacionais nas bombas de gasolina e diesel, (o consumidor) é também enganado com combustível adulterado, como aconteceu agora com a gasolina de aviação importada pela gestão bolsonarista da Petrobras”, diz a FUP.
Equação arriscada
“Hoje o problema é com a gasolina de aviação, amanhã pode ser com a gasolina comum e o diesel”, alerta o coordenador da federação, Deyvid Bacelar.
Segundo a entidade, a Petrobras já exporta metade da sua produção diária, cerca de 1 milhão de barris de petróleo. “Não é de hoje que a FUP e seus sindicatos denunciam os riscos desta equação, cujo resultado tem sido sempre desfavorável para o consumidor.”
Suspeita sobre a qualidade
A FUP chama a atenção para o fato de que a Aopa já “levantou a suspeita sobre a qualidade do produto, ao denunciar os danos causados nos tanques de combustível”. Lembra também que a única refinaria que fornecia gasolina de aviação dentro do país, a RPBC, em Cubatão (SP), teve sua produção interrompida pela Petrobras “devido às obras na unidade”.
O combustível supostamente contaminado só é usado em aviões de pequeno porte, por isso a aviação comercial não foi afetada pelo desabastecimento. Aeronaves de médio e grande portes utilizam combustível conhecido como querosene de aviação.
Até o domingo, segundo a Folha de S.Paulo, os problemas com o combustível importado pela Petrobras já haviam provocado desabastecimento em pelo menos 19 aeroportos no país, prejudicando a operação desse tipo de aeronave.