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‘Petrobras colonizada’ causa problemas com combustível de aviação, diz FUP

A única refinaria que fornecia gasolina de aviação no país, em Cubatão, teve sua produção interrompida pela Petrobras

Tania Rêgo/ABR
Tania Rêgo/ABR
Para Federação Única dos Petroleiros, há relação entre “gestão predatória” na Petrobras e má qualidade dos itens importados

São Paulo – A Associação dos Pilotos e Proprietários de Aeronaves (Aopa) divulgou manual como orientações a operadores de aeronaves afetadas por combustível de aviação supostamente contaminado. Desde a semana passada, pilotos e proprietários de vários estados brasileiros vêm sistematicamente relatando corrosão de equipamentos de aviões, como tanques, juntas, mangueiras e bicos injetores. Em decorrência dos danos, as aeronaves apresentam vazamentos.

Segundo o manual, redigido pelo escritório de advocacia Tristão Fernandes, as ações imediatas dos prejudicados devem ser “documentar com o máximo de fotos” os danos supostamente provocados pelo combustível contaminado, fazer relatórios detalhados dos últimos reparos feitos na aeronave e que, ao menor indício de combustível contaminado nos tanques dos aviões, os tanques sejam imediatamente descartados.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) vê relação entre o problema e a “gestão predatória” do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que cria uma “Petrobras colonizada”. A estatal está se “transformando em uma exportadora do petróleo de altíssima qualidade produzido no pré-sal, enquanto os brasileiros são obrigados a consumir derivados importados”, afirma a entidade em nota.

Além de pagar preços internacionais nas bombas de gasolina e diesel, (o consumidor) é também enganado com combustível adulterado, como aconteceu agora com a gasolina de aviação importada pela gestão bolsonarista da Petrobras”, diz a FUP.

Equação arriscada

“Hoje o problema é com a gasolina de aviação, amanhã pode ser com a gasolina comum e o diesel”, alerta o coordenador da federação, Deyvid Bacelar.

Segundo a entidade, a Petrobras já exporta metade da sua produção diária, cerca de 1 milhão de barris de petróleo. “Não é de hoje que a FUP e seus sindicatos denunciam os riscos desta equação, cujo resultado tem sido sempre desfavorável para o consumidor.”

Suspeita sobre a qualidade

A FUP chama a atenção para o fato de que a Aopa já “levantou a suspeita sobre a qualidade do produto, ao denunciar os danos causados nos tanques de combustível”. Lembra também que a única refinaria que fornecia gasolina de aviação dentro do país, a RPBC, em Cubatão (SP), teve sua produção interrompida pela Petrobras “devido às obras na unidade”.

O combustível supostamente contaminado só é usado em aviões de pequeno porte, por isso a aviação comercial não foi afetada pelo desabastecimento. Aeronaves de médio e grande portes utilizam combustível conhecido como querosene de aviação.

Até o domingo, segundo a Folha de S.Paulo, os problemas com o combustível importado pela Petrobras já haviam provocado desabastecimento em pelo menos 19 aeroportos no país, prejudicando a operação desse tipo de aeronave.