Renda básica

Auxílio emergencial até dezembro ajudaria mais vulneráveis e traria dinamismo econômico

Economista destaca que benefício aumenta arrecadação dos cofres públicos

EBC
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Juliane Furno diz governo tem capacidade de pagar por mais tempo, o que demanda vontade política para tributar os mais ricos do país

São Paulo – Especialistas defendem que o auxílio emergencial seja pago até dezembro. Entretanto, até o momento, os R$ 600 foram prorrogados por dois meses para trabalhadores informais e beneficiários do Bolsa Família.

A colunista do Brasil de Fato e economista Juliane Furno explica que a renda vai além do incentivo ao isolamento social, é um estímulo econômico que ajuda as famílias mais pobres e, indiretamente, as de classe média, que recebem aluguel, por exemplo. A prorrogação do auxílio foi decretada pelo presidente Jair Bolsonaro, no último dia 1º, e o governo pagará o auxílio de forma parcelada. Por outro lado, a iniciativa só foi adotada após pressão dos parlamentares de oposição, que continuam endossando a manutenção do benefício até dezembro.

Juliane explica que o governo teria dinheiro para bancar a renda emergencial até dezembro, já que ela praticamente se paga. “As pessoas que recebem não vão investir no Tesouro, vão gastar, o que cria um dinamismo no mercado interno. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que o dinheiro voltará para os cofres públicos e a capacidade de arrecadação do Estado fica cinco vezes maior”, acrescentou, em entrevista ao Brasil TVT.

Renda básica

A manutenção do auxílio emergencial até dezembro é necessária já que ninguém sabe a situação da economia daqui a dois meses. O ex-ministro do Trabalho e da Previdência Ricardo Berzoini afirma que manter o nível de atividade econômica, sem jogar o Brasil numa recessão pior, depende do pagamento do benefício até o fim do ano.

“O governo acredita que a economia vai voltar, mas só será retomada se houver um plano de obras e políticas sociais. Sem isso, vamos ficar quatro anos com a economia reprimida, jogando milhões de brasileiros na miséria”, criticou, à jornalista Marilu Cabañas, do Jornal Brasil Atual.

Juliane Furno acrescenta que o debate sobre a continuidade do pagamento dos R$ 600 não é técnica, mas política. Na avaliação dela, o governo tem capacidade de pagar por mais tempo, o que demanda vontade política para tributar os mais ricos do país.

“O que cabe no orçamento não é uma decisão econômica, porque o gasto do Estado não é constrangido pelo volume da arrecadação tributária. O Estado pode definir o quanto arrecada, tributando grandes fortunas e coisas do tipo, e pode gastar mais utilizando o endividamento público e definindo a taxa de juros”, explicou.

Ela ainda acrescenta que Paulo Guedes quer criar o Renda Brasil para retirar recursos da saúde e da educação públicas, com o argumento que a pessoa poderá consumir esses segmentos no mercado. “A renda básica é necessária, mas em conjunto com os serviços de melhoria”, finalizou.