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Bancos privados têm que entrar na luta contra o coronavírus, cobra Dieese

Grandes bancos precisam reduzir juros, ampliar prazos e isentar tarifas para transações virtuais e evitar ida às agências

Contraf-CUT
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"Sistema financeiro vem lucrando há muito tempo e precisa contribuir nesse momento"

São Paulo –  A Caixa Econômica Federal anunciou redução de juros e a suspensão no pagamento de empréstimos, entre outras medidas, como forma de minimizar e auxiliar as pessoas e as empresas. O diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, diz que é preciso que o sistema financeiro “em peso” entre na luta contra a pandemia do coronavírus.

“Só a Caixa não vai resolver. É preciso reduzir os juros para novos empréstimos ao mínimo”, afirmou ao jornalista Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta sexta-feira (20). Neste contexto, ele sugere que os juros cobrados pelos bancos sejam limitados à taxa Selic, reduzida pelo Banco Central (BC) na última quarta-feira (28) para 3,75% ao ano.

Além da redução de juros, Fausto defende que os bancos privados sigam a Caixa e adotem carência de dois a quatro meses para o pagamento das dívidas. Para evitar a ida das pessoas às agências, também é preciso que o sistema bancário reduza ou elimine as tarifas cobradas para transações online.

“O sistema financeiro vem lucrando há muito tempo e precisa contribuir nesse momento. Sem isso, a gente pode incorrer em erros e problemas, como forçar as agências a ficarem abertas, causando aglomerações, o que é um absurdo. Ou pior ainda, pode haver uma corrida aos bancos. O sistema bancário precisa entrar de maneira efetiva nesse processo”, afirmou o diretor do Diesse. São medidas que também tem como objetivo a proteção dos trabalhadores bancários.

Emprego e renda

Fausto voltou a criticar a proposta anunciada pelo governo para permitir que empresas cortem em 50% a jornada e os salários dos funcionários. “Os trabalhadores formais, mesmo com redução de jornada, precisam ter sua renda garantida, para a economia continuar funcionando.” Ele destacou que cabe às empresas e ao governo encontrar soluções, como o adiamento do pagamento de impostos, mas sem cortar a renda dos trabalhadores.

Ele também defendeu que as demissões sejam emergencialmente suspensas. “Ninguém pode ser demitido nos próximos 30 dias. Depois se reavalia. É um tipo de medida de pacificação social.” Segundo o diretor do Dieese, é hora de “concentrar esforços” para o contingente enorme de trabalhadores informais, população de rua e demais grupos vulneráveis que precisam ser protegidos.