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Eduardo Moreira: desconfiança em Bolsonaro e Guedes é que derruba as bolsas

Para economista, pesam mais as incertezas e o comportamento do presidente, que estimula a ruptura institucional, do que a ameaça do coronavírus

Marcos Correa/PR
Marcos Correa/PR
Queda nas bolsas e alta do dólar são reflexos da falta de confiança no governo

São Paulo – O economista Eduardo Moreira relativiza o peso do coronavírus na instabilidade do mercado financeiro, que tem registrado quedas nas bolsas de valores e alta do dólar. Ele até concorda com a existência de um componente externo (coronavírus), mas considera a desconfiança dos mercados no governo Bolsonaro e no ministro da Economia, Paulo Guedes, a principal razão da crise que no Brasil se arrasta há cinco anos.

Nesta quinta-feira, a moeda dos Estados Unidos chegou a bater a cotação inédita de R$ 4,50. Em entrevista ao Jornal Brasil Atual .

“Só existe crescimento com investimento. A riqueza não aparece do nada. E só há investimento quando há confiança. E essa confiança foi absolutamente destruída pelo governo de Jair Bolsonaro e sua equipe, principalmente seu ministro Paulo Guedes”, afirma Moreira, em entrevista à Rádio Brasil Atual, comparando a situação brasileira com a de outros países mais afetados com o coronavírus.

Ele lembra que o valor da Bolsa brasileira em dólares – porque a Bolsa nada mais é do que o valor das empresas negociadas em mercado – caiu mais do que o dobro da norte-americana, da mexicana e da espanhola, por exemplo. “E por que no Brasil os mercados estão tão mais nervosos do que em países onde a situação do coronavírus está mais grave?”, questiona.

Para Moreira, não adianta baixar a taxa de juros, porque a medida é insuficiente para atrair investimentos. “Além de ter zero de investimento, a pessoa pode ainda perder tudo o que investiu.”

“Sem investir, (as empresas) não contratam, não compram matéria prima; aí as pessoas não têm renda, param de gastar. Há demissões, diminui a renda e entra nessa espiral negativa. Mas o governo está em guerra com o Judiciário, com mais da metade do Brasil, com a economia com crescimento pífio no ano passado, um terço do que o FMI previa, já sendo revisado para baixo. Quem vai investir em um cenário assim? Ninguém”, diz.


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