Desvalorização

Dólar bate R$ 4,50 com tensões em torno de coronavírus e ataque de Bolsonaro ao Congresso

Cotação da moeda só recuou depois que Banco Central ofertou US$ 1 bilhão em swaps cambiais. Para quem compra em casas de câmbio, moeda chegou a R$ 4,94

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Moeda norte-americana atinge patamar histórico de 4,50, refletindo atuação de Bolsonaro na política e o alerta do coronavírus

São Paulo – O dólar atingiu hoje sua maior cotação nominal em relação ao real, batendo a marca de R$ 4,50. Depois recuou para R$ 4,47, com intervenção do Banco Central no mercado de swaps cambiais e oferta de US$ 1 bilhão em leilões. Com a intervenção, o dólar chegou a R$ 4,46 por volta das 13h50, mas segue tendência de alta.

Nas corretoras de câmbio, que vendem a moeda para quem vai viajar, o preço é ainda mais alto. Em casas de câmbio de São Paulo, segundo reportagem do portal UOL, a moeda chega a R$ 4,76 para a compra à vista, já considerando o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). E pode custar R$ 4,94 na compra com cartão pré-pago. Com o euro, as cotações são de R$ 5,21 e R$ 5,43, respectivamente.

O leilão de contratos swap equivale a uma venda de dólares no mercado futuro para os bancos, que ficam protegidos contra uma eventual disparada da moeda no período. Os contratos negociados nesta quinta-feira (27) têm vencimento em agosto, outubro e dezembro.

A medida vem logo após a Bolsa viver um dia de nervosismo, na quarta (26), por causa da confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil. Além disso, a convocação, por Jair Bolsonaro, para ato pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo destaca o portal Fórum.

Impacto negativo de Guedes

Em entrevista à Fórum, o economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Marcio Pochmann acredita que o cenário atual só deve acentuar o impacto negativo causado pela política neoliberal de Paulo Guedes. E deve resultar, principalmente, em perdas para os trabalhadores e a população mais pobre.

“A economia brasileira está impactada pelo receituário neoliberal em curso. O seu aprofundamento recente não permitiu, nem permitirá, a recuperação sustentada do nível de produção e emprego decente, muito menos a desconcentração da riqueza e renda nacional. O governo Bolsonaro e os porta-vozes do dinheiro sabem disso, porém, não admitem. Por isso a busca intensa de justificativas para a continuidade dos infortúnios acumulados pela gestão neoliberal da economia brasileira”, disse.