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Boeing ocultou informações sobre modelo de avião que provocou 346 mortes

"Esse avião foi projetado por um palhaço sob supervisão de macacos", afirma um áudio divulgado pelo Congresso dos EUA sobre modelo 737 MAX

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Boeing retirou todos os modelos de circulação; além disso, motivaram uma investigação do Congresso dos Estados Unidos

São Paulo – Foram divulgadas, por parlamentares dos Estados Unidos, mensagens comprometedoras envolvendo técnicos da Boeing e o órgão regulador da aviação no país, Administração Federal de Aviação (FAA). “Esse avião foi projetado por um palhaço sob supervisão de macacos”, afirma um técnico sobre o modelo 737 MAX. Em menos de seis meses, entre 2018 e 2019, dois aviões deste modelo caíram na Indonésia e Etiópia, provocando a morte de 346 pessoas.

Após as tragédias, a Boeing retirou todos os modelos de circulação. Os acidentes motivaram uma investigação do Congresso dos Estados Unidos. A divulgação pública das mensagens deve dificultar ainda mais o retorno das atividades do modelo, algo esperado pela empresa.

Os problemas com a aeronave começaram já no simulador da empresa, antes da operação de fato, em 2015. “Você colocaria sua família em um simulador MAX? Eu não”, afirma um empregado da Boeing a um outro colega, que também responde categoricamente: “Também não”.

Em mensagem após o primeiro acidente, em 2018, um funcionário diz: “Ainda não fui perdoado por Deus pelas coisas que escondi no ano passado”. Em 2015, um documento vazado revelou que a Boeing tratou de fugir da regulamentação, como fica evidenciado pela fala anterior. “O regulador (FAA) só tem o que merece depois de tentar interferir em nosso negócio. Retardam o progresso”, afirma o texto.

Após os problemas no simulador, a Boeing convenceu as autoridades estadunidenses que os pilotos sequer necessitariam de treinamento para pilotar o modelo problemático. Para acelerar o processo e vender os aviões para as empresas aéreas, a Boeing argumentou que pilotos estariam acostumados com modelos similares.

Para o parlamentar democrata Peter DeFazio, presidente do Comitê de Transportes na Câmara dos Deputados, as falas divulgadas “mostram uma imagem inquietante de que a Boeing aparentemente estava disposta a fazer de tudo para evitar controle da agência reguladora e também das tripulações e passageiros (…) Também mostram um esforço coordenado para ocultar informações importantes dos reguladores e do público em geral”.

Operações no Brasil

O contexto problemático da Boeing, que também enfrenta problemas financeiros, é preocupante especialmente para o Brasil. Isso, visto que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), avalizou a venda da Embraer para Boeing.

A entrega do patrimônio nacional à Boeing ainda está em processo. Caso concluída, as operações comerciais (setor mais lucrativo e que mais emprega) da empresa devem ficar 20% sob controle da Embraer e 80% da Boeing.