Liquidação

Trabalhadores da Petrobras protestam contra privatização da Liquigás e refinarias

Especulações sobre a venda da estatal comprovam "DNA entreguista" da atual gestão, que pretende "dilapidar o patrimônio público", segundo a FUP

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Ato também lembra os 37 petroleiros mortos em explosão de plataforma há 35 anos

São Paulo – Trabalhadores da Petrobras realizam ato nesta sexta-feira (16) em frente à sede da empresa, no Rio de Janeiro, a partir das 11h, contra a privatização de cinco refinarias e da Liquigás, subsidiária que atua no engarrafamento, distribuição e comércio de gás liquefeito de petróleo (GLP). Termina hoje o prazo para que possíveis compradores se credenciem, na fase não vinculante, para compra de ativos nos segmentos de gás natural e refino. O protesto também lembra os 37 trabalhadores mortos na explosão da plataforma de Enchova, que completa 35 anos também nesta sexta.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, sugeriu que pode privatizar a Petrobras, quando participa de seminário sobre gás natural, na capital fluminense. Na sequência, disse se tratar de “brincadeira” e “especulação”, mas voltou a repisar sua opinião a favor de “privatizar tudo”.

Segundo o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, mesmo com o desmentido as declarações comprovam o “DNA entreguista” e o “descompromisso” do atual governo com a gestão da estatal. Ele destacou que a capacidade da Petrobras de movimentar importantes setores da economia brasileira.

“Para a retomada do crescimento, a Petrobras é fundamental. Quando falam em privatização, não tem novidade nenhuma. O DNA deles é entreguista, que cada vez mais visa a aprofundar esse fosso social que vive o nosso país. Se pensam que vão fazer isso, sem que haja luta e resistência, estão bastante enganados”, afirmou em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual.

Sobre a venda das refinarias, Rangel diz que a proposta estaria em “terreno jurídico nebuloso”, já que o Supremo Tribunal Federal (STF) dispensou autorização legislativa apenas para privatização de subsidiárias das estatais, e não para ativos da “empresa-mãe”. Politicamente, a venda das distribuidoras também será contestada, segundo ele, pois estaria sendo realizada por um governo “ilegítimo”. “Aqueles prováveis compradores têm que ter claro que vão ter que nos devolver, em algum momento.”

Ele também rebateu argumentos do ministro da Economia, que alegou que a Petrobras foi “destruída” pelas gestões e não teria condições econômicas para arcar com os cerca de R$ 700 bilhões necessários para garantir a exploração do pré-sal. Ele destacou que é o petróleo do pré-sal que sustenta as receitas da estatal, atualmente. “Esse modelo representado por Guedes e Castello Branco (o atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco) não descobriu absolutamente nada. Só vêm para vender depois de pronto. Vivem de fake news, assim como o presidente. Estamos numa batalha muito grande na tentativa de desmascarar esses entreguistas que querem dilapidar o patrimônio público.”

Rangel também destacou o “autoritarismo” da atual gestão da Petrobras, que afastou quatro supervisores que trabalham na província petrolífera de Urucu, no Amazonas, e que se abstiveram em assembleia realizado para avaliar a contraproposta da empresa para o acordo coletivo da categoria. “Não se pode divergir. É contra tudo isso que nós estamos lutando.”

Ouça a entrevista completa