Retração

Queda no consumo e recuo da economia dão indicativos do governo Bolsonaro

Compra de itens básicos dos brasileiros, em janeiro e fevereiro, sofreu a primeira retração para o período em cinco anos. Atividade econômica em baixa foi medida pelo Banco Central

Arquivo EBC

Todos os itens da cesta de produtores dos brasileiros teve redução no consumo, incluindo papel higiênico

São Paulo – O consumo de alimentos, bebidas, produtos de higiene e limpeza pelos brasileiros sofreu uma queda de 5,2%, entre janeiro e fevereiro deste ano, de acordo com dados da pesquisa da consultoria Kantar. O recuo na hora da compra de itens básicos é apontado como recorde, sendo a primeira retratação para o período em cinco anos.

Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo informa a queda, nesses dois primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro, como resultado da pressão do aumento do desemprego e da inflação da comida, e do tombo na renda do brasileiro. De acordo com o IBGE, ao menos 13,1 milhões de pessoas estão desempregadas, enquanto, em março, a inflação geral em 12 meses chegou 4,58% e a inflação de alimentos e bebidas atingiu 6,73%. 

A pesquisa ainda apontou que, pela média histórica, desde 2014, esse foi também o primeiro ano que houve redução nas compras de todos os itens da cesta de produtos, inclusive os mais básicos e de difícil substituição, como papel higiênico e leite de caixinha. “Fiquei chocada com o resultado. É uma queda bem forte que ocorreu em todas as classes sociais e regiões”, afirma a diretora e responsável pela pesquisa da Kantar, Giovanna Fischer, sobre o retrato das compras de 55 milhões de domicílios ou 90% do potencial de consumo do país.

No entanto, apesar da representatividade em todos os setores e regiões, a classe C foi a que a mais recuou e, por concentrar a maior parte dessa população, o interior do estado de São Paulo registrou a maior queda no consumo (-10,3%), seguida pelas regiões Norte e Nordeste (-5,8%).

Uma piora em outros índices 

Houve uma queda também no Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central (BC), que caiu 0,73% em fevereiro, depois de já ter apresentado queda de 0,31% em janeiro. De acordo com reportagem do jornal Valor Econômico, foi o “maior tombo mensal desde maio de 2018”, quando o período foi marcado pelos efeitos da greve dos caminhoneiros. 

O IBC-Br é resultado do cálculo mensal dos indicadores de produção da agricultura,  indústria e serviços, e sinaliza um comportamento para o Produto Interno Bruto (PIB), que tem uma base de cálculo mais abrangente.