Desigualdade

Mulher ganha 20% a menos, mas diferença pode ser ainda maior

Mão de obra feminina representa quase metade dos ocupados no mercado de trabalho brasileiro, mas são maioria nos serviços domésticos e de limpeza e professores do ensino fundamental, entre outros

arquivo EBC/Agência Brasil

As mulheres representam quase metade dos ocupados, mas a condição feminina ainda é usada por maus patrões para justificar salários menores em relação aos homens

São Paulo – A diferença salarial entre homens e mulheres era de 20,5% no ano passado, em média, mas conforme a área pode ser ainda maior, mostra levantamento divulgado hoje (8) pelo IBGE, em referência ao Dia Internacional da Mulher. Em 2018, as mulheres ocupadas na faixa entre 25 e 49 anos recebiam R$ 2.050, enquanto eles, no mesmo grupo, ganhavam R$ 2.579. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.

Considerando o valor médio por hora trabalhada, elas recebiam R$ 13 e eles, R$ 14,20, ou 91% do rendimento dos homens. A diferença aumenta quando se calcula a jornada média de cada um: 42,7 horas semanais para os homens e 37,9 horas para as mulheres, o que não inclui as tarefas domésticas, muito mais comuns para a mão de obra feminina.

As mulheres representam quase metade dos ocupados, mas a participação é bem maior em alguns setores, como o de serviços domésticos, em que elas representam 95% dos ocupados. Elas também são maioria entre professores do ensino fundamental (84%), serviços de limpeza (74,9%) e centrais de atendimento (72,2%). Em áreas de comando, como diretores e gerentes, as mulheres são 41,8%, com salário correspondente a 71,3% dos homens. Elas somam 63% entre os chamados profissionais das ciências e intelectuais, mas ganham apenas 64,8% em relação ao recebido pelos colegas do sexo masculino.

Mesmo profissões que exigem maior nível de instrução mostram desigualdade. Entre professores do ensino fundamental, por exemplo, as mulheres recebiam o equivalente a 90,5% do ganho dos homens. Entre docentes do ensino superior, a proporção era de 82,6%. Em ocupações definidas pelo IBGE como médicos especialistas e advogados, essas proporções eram de 71,8% e 72,6%, respectivamente.

O grupo com menor desigualdade é o que inclui membros das Forças Armadas, bombeiros e policiais. As mulheres ganham até um pouco mais, com rendimento equivalente a 100,7% do recebido pelo homens. 

A pesquisa reforça que a desigualdade é ainda maior entre trabalhadores de cor preta ou parda (classificação usada pelo IBGE). Eles recebiam, em média, 60% do valor dos trabalhadores de cor branca. A proporção do rendimento médio da mulher branca em relação ao homem branco era de 76,2%, enquanto a verificada entre mulheres e homens pretos ou pardos estava em 80,1%. “Essa desigualdade menor entre rendimentos de pretos e pardos pode estar relacionada ao fato dessa população ter maior participação em ocupações que frequentemente são remunerados pelo salário mínimo. Esse comportamento foi observado em toda a série histórica”, diz o instituto.

Mais mulheres no mercado de trabalho têm ensino superior: eram 22,8% das ocupadas com essa escolaridade. Entre os homens, 18,4%. 

 

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