indústria automobilística

Ford anuncia que vai fechar fábrica de São Bernardo do Campo

Unidade que responde pela fabricação de caminhões e do Fiesta ameaça emprego de até 4.500 funcionários, entre diretos e indiretos. Metalúrgicos do ABC estão reunidos e falam em resistência

Divulgação

Fábrica de São Bernardo ficou com capacidade ociosa, o que poderia ser resolvido com novo modelo

São Bernardo do Campo (SP) – A Ford anunciou que vai fechar as portas de sua fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, em novembro deste ano. A montadora alega que a crise econômica inviabiliza a continuidade da produção na cidade. “Nós vamos resistir”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão, pouco depois de receber a notícia. A informação veio após reunião com representantes da empresa na tarde desta terça-feira (19).

Desde janeiro, o sindicato cobra da Ford uma definição sobre investimentos na unidade, necessários para garantir o futuro da fábrica. Segundo Wagnão, a Ford alega que tem prejuízos nas áreas de caminhões e automóveis e “quer se dedicar a outro nicho” de mercado. “Não é dessa forma que se trata os trabalhadores.”

Os sindicalistas estão reunidos para definir os próximos passos. De acordo com Wagnão, a fábrica tem aproximadamente 4.500 funcionários, diretos e indiretos. Eles farão assembleia na terça da semana que vem (26), na entrada do turno, por volta de 7h.

A decisão da montadora foi tomada na sede dos Estados Unidos e comunicada hoje à unidade de São Bernardo. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, os modelos de carros mais novos estão sendo produzidos na unidade de Camaçari, na Bahia. Assim, a fábrica de São Bernardo ficou com parte de sua capacidade ociosa. O que poderia ser resolvido com a produção de um novo modelo na planta.

Segundo acordo coletivo de 2017 haveria período de negociação para a retomada dos investimentos pela Ford São Bernardo. Mas, desde então, não houve nada efetivo por parte da direção.

De lá para cá, cerca de mil funcionários saíram por meio de programa de demissões voluntárias (PDV). Desde janeiro deste ano, os metalúrgicos começaram a realizar assembleias internas para cobrar da direção da montadora a retomada de investimentos na unidade de São Bernardo.

A visão da empresa

Em nota, a empresa disse que deixará de comercializar as linhas de caminhões Cargo, F-4000, F-350 e do compacto Fiesta assim que terminarem os estoques. “A Ford está comprometida com a América do Sul por meio da construção de um negócio rentável e sustentável, fortalecendo a oferta de produtos, criando experiências positivas para nossos consumidores e atuando com um modelo de negócios mais ágil, compacto e eficiente”, disse o presidente da Ford América do Sul, Lyle Watters.

Ainda segundo a empresa, a decisão de deixar o mercado de caminhões foi tomada após vários meses de busca por alternativas, que incluíram a possibilidade de parcerias e venda da operação. E que a manutenção do negócio teria exigido um volume expressivo de investimentos para atender às necessidades do mercado e aos crescentes custos com itens regulatórios sem, no entanto, apresentar um caminho viável para um negócio lucrativo e sustentável.

“Sabemos que essa decisão terá um impacto significativo sobre os nossos funcionários de São Bernardo do Campo e, por isso, trabalharemos com todos os nossos parceiros nos próximos passos”, disse Watters. “Atuando em conjunto com concessionários e fornecedores, a Ford manterá o apoio integral aos consumidores no que se refere a garantias, peças e assistência técnica”.

Com reportagem de Vitor Nuzzi e informações doABCD Maior