Emprego com carteira

Concentrado em serviços, mercado formal cresce em 2018 pagando menos

Saldo foi de 529.554 vagas, sendo quase 400 mil no setor de serviços. Apenas em dezembro, quem foi contratado ganhava em média 11,4% a menos do que os que saíram

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País abriu vagas com carteira assinada no ano passado, mas principalmente em funções de menor remuneração

São Paulo – Com o setor de serviços concentrando 75% das vagas e salários menores, o mercado formal de trabalho abriu 529.554 vagas em 2018, variação de 1,40%, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que com o fim do Ministério do Trabalho passa a ser divulgado pela pasta da Economia. Foi o primeiro resultado positivo em quatro anos. Apenas em dezembro, foram fechados 334.462 postos de trabalho (-0,87%).

O resultado de 2018 é relativamente próximo ao de 2014, quando o saldo do Caged foi de 420.690 vagas. O melhor resultado da série histórica foi registrado em 2010, quando foram criados 2.223.597 empregos com carteira. Nos oito anos de governo Lula (2003-2010), o saldo superou 12,7 milhões.

Os dados de dezembro mostram continuidade da tendência de salários inferiores para quem entra no mercado de trabalho. O ganho médio de quem foi contratado era de R$ 1.531, 28. Quem saiu ganhava R$ 1.729,51. Ou seja, os admitidos receberam, em média, 11,4% a menos. Em relação a dezembro do ano anterior, o salário médio de admissão teve aumento real de 0,21%, enquanto o de desligamento recuou 1,39%.

Entre as vagas com mais empregos, estão ocupações, em geral, de menor remuneração: alimentador de linha de produção (100.061), faxineiro (61.653), auxiliar de escritório (56.511), servente de obras (42.372) e atendente de lojas/mercados (37.079).

O emprego formal cresceu mais na faixa entre 18 e 24 anos (845.671 vagas) e para homens (327.354, ante 202.200 para mulheres). A predominância foi de vagas com ensino médio completo (529.951). 

Do saldo total do ano passado, os serviços ficaram com 398.603 vagas, crescimento de 2,38%. Destaque para áreas como comércio e administração de imóveis (165.943) e serviços médicos, odontológicos e veterinários (88.981), entre outras.

A indústria de transformação ficou praticamente estável, com variação de 0,04%: mais 2.610 vagas. Cresceram mais setores como produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico (saldo de 10.831 empregos), mecânica (7.917) e metalurgia (7.832). 

Já o comércio teve expansão de 1,13%. Foram 102.007 postos de trabalho com carteira a mais, segundo o Caged. A construção civil criou 17.957 vagas (0,89%) e a agropecuária, 3.245 (0,21%).

Mais da metade dos empregos com carteira se concentrou no Sudeste: 251.706. A região teve o menor crescimento percentual, 1,27%. Centro-Oeste (2,14%) e Norte (1,65%) abriram 66.825  e 28.161 vagas, respectivamente. O Sul criou 102.223 (1,45%) e o Nordeste, 80.639 (1,30%).

Apenas no mês de dezembro, o trabalho intermitente, modalidade criada pela “reforma” trabalhista, teve saldo de 5.887 vagas, concentradas em comércio (2.742), serviços (1.559) e construção (859). No trabalho parcial, foram 2.266 a menos, sendo -2.269 em serviços.