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Bolsonaro engata a ré na economia brasileira, diz professor da Unicamp

Para o economista Guilherme Mello, declarações vagas do presidente em Davos não surtem efeito positivo no mercado internacional

Alan Santos/PR

Após as declarações vagas de Bolsonaro em Davos, na Suíça, por exemplo, a bolsa caiu quase 1% – o equivalente a mil pontos

São Paulo – As perspectivas econômicas do Brasil são preocupantes. Para o professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Guilherme Mello, a limitação dos investimentos públicos e as privatizações exageradas propostas pelo governo Bolsonaro não surtem efeito positivo no mercado internacional e o país corre o risco de engatar a marcha à ré na economia.

Após as declarações vagas de Bolsonaro em Davos, na Suíça, por exemplo, a Bolsa de Valores de São Paulo caiu quase 1%. De acordo com o economista, a economia brasileira deve crescer pouco, assim como a criação de empregos formais. 

“Esse crescimento econômico de 2% (previsto pelo Banco Central para 2019), apesar de ser maior do que o de 2018, se dá em condições frágeis, com a enorme taxa de desemprego e a produção industrial em nível baixo, além da piora na distribuição de renda”, afirma Mello ao repórter Jô Miyagui, da TVT.

A possibilidade de privatização das empresas públicas e da adoção do modelo de capitalização para a Previdência Social pode agradar o mercado financeiro, mas não será bom para o Brasil, que perderá capacidade de intervenção na economia nacional.

“A ideia é de que a privatização é a solução, mas a empresa privada não tem compromisso com o desenvolvimento nacional. Ela não precisa criar emprego, desenvolver tecnologia, nem treinar pessoas. O único compromisso é ganhar dinheiro”, explica Mello.

O teto de gastos, aprovado pelo governo Temer, também trava a economia. O fim desse limite poderia ajudar na retomada no crescimento, mas o atual presidente defende essa medida. “O investimento público cria emprego e renda, então é importante para o país retomar o crescimento e melhorar a infraestrutura. Com o teto, não sobra dinheiro para o investimento público”, acrescenta.

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