baixo dinamismo

Recursos públicos sustentam a economia de 55% dos municípios do país

Para o diretor-técnico do Dieese, pesquisa do IBGE revela desigualdade entre as cidades e cabe ao Estado criar estratégias e políticas para o desenvolvimento com investimentos produtivos

Rovena Rosa/EBC

Exemplo da desigualdade: volume da atividade econômica da cidade de São Paulo equivale à soma de 4.300 municípios

São Paulo – Uma pesquisa divulgada na sexta-feira (14) pelo IBGE sobre o Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios brasileiros em 2016 revela que em 55% do total de 5.570 cidades do país a economia é movida em grande parte pela Administração Pública. O dado chama atenção, na análise do diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, para a importância do estado nas economias locais, e também reflete o avanço das desigualdades entre os municípios.

Marcados pela falta de diversidade econômica, os recursos públicos que dão dinamismo a essas economias respondem ao salário dos servidores públicos e à transferência de benefícios e de programas sociais, como o Bolsa Família, o que, segundo Ganz Lúcio, mostra que cortes nestas fontes de renda podem reprimir ainda mais os municípios que sofrem pela falta de uma atividade econômica “robusta” com indústrias, agropecuária dinâmica e investimentos em serviços sofisticados. 

“Tudo isso leva com que essas economias tenham uma desigualdade econômica, uma carência do ponto de vista da atividade produtiva, que confere ao recurso oriundo do setor público grande parte do seu dinamismo”, avalia o diretor-técnico em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual. “O Brasil precisa ter uma estratégia de desenvolvimento econômico que diversifique no espaço, no território, os investimentos produtivos”, afirma Ganz Lúcio, apontando que só a cidade de São Paulo, por exemplo, tem um volume de atividade econômica que equivale à soma de 4.300 municípios do país. 

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