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Novo presidente da Petrobras já defendeu privatização ‘urgente’ da estatal

Considerado ultraliberal como Paulo Guedes, Roberto Castello Branco disse em artigo ser 'inaceitável' que estatais invistam em atividades que podem ser desempenhadas pela iniciativa privada

Divulgação

Com aval de Bolsonaro, Castello Branco é mais ultraliberal com passagem por Chicago a chegar ao governo

São Paulo – O economista Roberto Castello Branco será o novo presidente da Petrobras no governo Jair Bolsonaro. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (19) pela assessoria do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. Assim como Guedes, o novo comandante da Petrobras defendeu por diversas vezes a privatização “urgente” da estatal. A estatal confirma que o atual presidente, Ivan de Souza Monteiro, deixa o comando da empresa em 1º de janeiro de 2019.

Atualmente, Castello Branco dirige o Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ele também foi diretor da mineradora Vale e do Banco Central. Em 2015, foi nomeado para o Conselho de Administração da Petrobras, mas não teve sua indicação renovada após desentendimentos com o então presidente, Aldemir Bendine. 

A nota que anuncia Castello Branco como novo presidente da Petrobras também destaca a sua passagem acadêmica pela Universidade de Chicago, onde realizou pós-doutorado. É a mesma instituição em que Guedes se formou mestre e doutor em economia, conhecida pela formação ultraliberal que tem no norte-americano Milton Friedman seu principal expoente. 

A última vez que Castello Branco defendeu “a urgente necessidade de privatizar não só a Petrobras, mas outras estatais” foi em julho passado, em artigo publicado na Folha de S.Paulo, no rescaldo da greve dos caminhoneiros, que paralisaram o país por conta da subida do preço do diesel. Sua manifestação se deu após a gestão Pedro Parente na Petrobras decidir atrelar o valor cobrado na bomba às flutuações do mercado internacional de petróleo. 

“No caso do diesel, embora seguindo o mercado global, é o comitê de uma única empresa, uma estatal dona de 99% do refino, quem anuncia os preços. Essa é mais uma razão para privatizar a Petrobras. Precisamos de várias empresas privadas competindo nos mercados de combustíveis”, defendeu o economista. 

Ele criticou a saída encontrada pelo governo Temer de congelar temporariamente o preço do diesel e propor o tabelamento dos fretes, justificando a necessidade de “privatização urgente” da Petrobras. “É inaceitável manter centenas de bilhões de dólares alocados a empresas estatais em atividades que podem ser desempenhadas pela iniciativa privada, enquanto o Estado não tem dinheiro para cumprir obrigações básicas, como saúde, educação e segurança pública, que até mesmo tiveram recursos cortados para financiar o subsídio ao diesel.”

Em 2016, após ter saído do Conselho de Administração da estatal, Castello Branco também defendeu a privatização como solução para suposta intromissão do governo na gestão da Petrobras. Ele criticou a política de preços dos combustíveis que havia sido colocada em prática durante o governo Dilma e saudou Parente, então recém-nomeado como presidente. À época, ele também defendeu que a Petrobras acelerasse seu plano de “desinvestimento”, com a venda de ativos que vão desde campos de petróleo em terra e em costa à saída de parcerias com outras empresas – caso da petroquímica Braskem – ou em áreas de exploração de petróleo fora do país.