Política da Petrobras segue trajetória de Pedro Parente, diz Enio Verri
Para parlamentar, tanto medidas para contornar greve dos caminhoneiros como nomeação de novo presidente da estatal mostram que o essencial, o papel da empresa no país, não sofrerá mudanças
Publicado 04/06/2018 - 19h30
No primeiro dia da gestão do novo presidente da Petrobras, caminhões deixam refinaria com gasolina mais cara
São Paulo – As saídas adotadas pelo governo Michel Temer para contornar a crise que derrubou Pedro Parente da presidência da Petrobras, após a greve dos caminhoneiros, não introduzem nenhuma novidade no papel da estatal no cenário. Tanto ao nomear o novo presidente da estatal, o executivo do mercado Ivan Monteiro, como ao cortar verbas em saúde, educação e transporte para viabilizar a queda de R$ 0,46 no litro do diesel por 60 dias, o governo mostra que tudo continua como antes.
“Vemos a prova de que não vai mudar nada na política da Petrobras. As manifestações e a greve de advertência dos petroleiros eram no sentido de se mudar o papel da Petrobras no cenário brasileiro. Com a escolha desse executivo, vemos que vai continuar o mesmo trabalho que o Pedro Parente vinha fazendo”, diz o deputado federal Enio Verri (PT-PR).
O parlamentar também não vê nenhuma mudança significativa na condução da estatal na informação divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, segundo a qual “a Petrobras sinalizou ao governo que aceita debater a revisão da política de reajuste diário do preço da gasolina, desde que a cotação internacional do combustível continue a servir de referência para o preço no mercado interno”.
A essência da política continua, afirma Verri. “Mesmo que faça a correção mensal, a proposta é de que, tendo essa correção, a Petrobras continua sendo uma empresa pública, mas de característica privada, onde a prioridade ainda é o lucro dos seus acionistas, na sua maioria internacionais, e quem vai pagar essa diferença é o Orçamento. No mínimo é uma contradição, porque o governo vai estourar a Emenda Constitucional 95. Não tem espaço no Orçamento para tudo isso.”
A Emenda 95 é a que impõe sérias restrições aos orçamentos de educação e saúde por 20 anos. “Vão cortar saúde, educação e segurança, mas vão cortar quanto? Se todo mês vão cortar um pouco, vai chegar uma hora em que não terá mais de onde cortar. O próprio governo vai estourar essa bomba que ele mesmo armou”, diz Verri.
Em nota divulgada no domingo (3), intitulada “Ivan Monteiro: mais do mesmo”, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) lembra que, antes de se tornar presidente da Petrobras, o executivo ocupava a diretoria financeira e era o responsável pelo programa de privatização da companhia, que tem como meta vender R$ 21 bilhões em ativos até o fim deste ano.
“Empresário, banqueiro, executivo, bem relacionado com o mercado financeiro e internacional”, define a entidade. A FUP lembra ainda que Monteiro aumentou em 2,25% o preço da gasolina nas refinarias no seu primeiro dia de gestão, no último sábado (2).
“Se a política de preços da Petrobras continuar, um botijão de gás poderá chegar aos R$ 100,00. Valor fora da realidade da população. Os aumentos consecutivos levaram 1,2 milhão de brasileiros a voltar a cozinhar com lenha e carvão em 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, acrescenta a FUP.