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Para líder metalúrgico, um ano sem regime automotivo é uma ‘tragédia’

Programa de estímulo à indústria automotiva Rota 2030 deve entrar em vigor somente em 2019. Fim do IPI especial para importados com equivalente nacional prejudica produção local

Reprodução/TVT

Novo regime automotivo retira proteção dos veículos nacionais contra importados

São Paulo – Concebido para substituir o programa Inovar Auto, que expirou em dezembro do ano passado, o novo pacote de incentivos ao setor automobilístico, chamado Rota 2030 pode ser anunciado pelo governo nos próximos dias, após cinco meses de atraso. Sem previsão orçamentária para este ano, o novo programa passará a valer somente em 2019. 

A demora na definição do programa é duramente criticada pelo diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Wellington Damasceno, que relata que, sem política de incentivo à produção local, muitas empresas de autopeças não conseguem concorrer com o produto importado. “Muitas empresas que são demandadas pelo setor automotivo estão fechando, porque não estão conseguindo superar a concorrência, ou mesmo estão deixando de produzir para virar importadoras. Importa a peça, ou parte do veículo, e vende como se fosse uma empresa produtora, e não é mais. Então a gente está deixando de gerar emprego no Brasil, deixando de gerar arrecadação para o próprio governo e privilegiando quem não investe no país.”

“Estamos muito atrasados. O fato de nós ficarmos um ano sem esse programa é uma tragédia. É um descaso, uma irresponsabilidade, do governo em relação à estratégia de desenvolvimento industrial”, avalia o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, em entrevista ao repórter Leandro Chaves, para o Seu Jornal, da TVT.

No acerto com as montadoras, o governo prevê que o investimento em pesquisa e desenvolvimento cresça progressivamente, até atingir R$ 5 bilhões anuais a partir de 2022. Em contrapartida, as empresas poderão abater até R$ 1,5 bi do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). 

Outra mudança em relação ao programa anterior, o Inovar Auto, que suscita críticas dos trabalhadores do setor é o fim da proteção aos veículos fabricados no Brasil. Os modelos importados com equivalentes nacionais recebiam taxa extra de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). 

Com o fim do “super IPI”, como ficou conhecido, os trabalhadores temem a perda do emprego na cadeia produtiva e a inundação do mercado nacional por veículos importados. Somente durante os primeiros quatro meses do ano, marcados pela indefinição da política automotiva, as compras de automóveis de passageiros fabricados no exterior quase dobrou, atingindo a marca de R$ 1,3 bilhão.

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT:

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