Transporte de cargas

Menor dependência do modelo rodoviário reduziria também o uso de petróleo

Ampliação de ferrovias, hidrovias e até mesmo caminhões elétricos são alternativas para país diversificar o transporte e as fontes de energia

Paulo Giovanni/SECOM

Trecho da Ferrovia Norte-Sul em Anápolis (GO). Brasil precisa ampliar transporte de cargas por via férrea

São Paulo – A gradual ampliação do transporte de cargas no Brasil por vias ferroviárias e hidroviárias poderia diminuir a dependência do país do modelo rodoviário e, consequentemente, do petróleo. É o que explica Wagner Ribeiro, professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.

Segundo Ribeiro, a integração nacional por meio de estradas não é a mais adequada para um país com dimensões continentais como o Brasil. A preferência pelo transporte rodoviário, ele explica, remete aos anos de 1930, quando o então presidente Washington Luís cunhou a famosa frase “governar é construir estradas.” O modelo teve sequência nos governos de Juscelino Kubitschek (1956-1961), dos militares durante a ditadura, e até mesmo no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que privilegiou as obras rodoviárias.

Embora ainda não seja uma realidade muito presente, o professor da USP cita os caminhões elétricos, que já existem por meio do investimento de grandes marcas, como uma possibilidade futura.

“Há uma tendência no curto prazo de que os caminhões se tornem elétricos. Não resolve totalmente o problema, porque aumenta a demanda de energia elétrica, mas temos hoje uma maior capacidade de geração a partir da democratização do acesso às fontes de energia, a possibilidade de transformar energia solar em elétrica, diminuindo um pouco a dependência do petróleo e a dependência do rodoviarismo”, explica Wagner Ribeiro.

Ouça a entrevista na íntegra: