O petróleo é deles

Petrobras dá ‘prejuízo’ porque desvaloriza seu patrimônio, diz professor da Ufabc

Jornais estampam queda de valor da maior estatal brasileira, mas pouco esclarecem as razões: entrega de ativos e de campos do pré-sal

TVT reprodução

Petrobras anuncia meta de arrecadas R$ 21 bilhões até o fim deste ano, valor irrisório comparado aos investimentos feitos pelo povo brasileiro na maior estatal nacional

São Paulo – Petroleiros e analistas econômicos ouvidos pelo repórter da TVT Jô Miyagui criticam o regime especial de desinvestimento da Petrobras que, com apoio do Conselho de Administração da estatal, está vendendo seu patrimônio. Desemprego e perda da soberania nacional são as principais consequências apontadas.

Estão relacionadas para a venda a empresas privadas os gasodutos Norte e Nordeste, a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, fábricas de fertilizantes, 71 campos terrestres de petróleo, 33 campos instalados em águas rasas e outros três, em águas profundas. A meta, segundo a empresa, é arrecadar 21 bilhões de dólares no biênio 2017/2018.

Giorgio Romano, professor de Relações Internacionais e Economia da Universidade Federal do ABC, mais importante do que prestar atenção no chamado desinvestimento, é se preocupar com a venda dos campos de petróleo do pré-sal e a queda da obrigatoriedade de contratar produtos e serviços nacionais. “Tem que olhar o que está acontecendo com o pré-sal, que foi claramenteaberto para grandes empresas internacionais”, alerta.

Já para o Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro-SP), essas vendas são um desmonte da Petrobras é um atentado à soberania nacional. “A Petrobras como grande ferramenta de desenvolvimento nacional está sendo comprometida e vai deixar de seguir essa lógica, de ser uma empresa que garante emprego e desenvolvimento no nosso país”, afirma Alexandre Castilho, diretor da entidade.

Ontem (16) jornais e portais da mídia tradicional estamparam manchetes afirmando que, pelo quarto ano seguido, a Petrobrás teve prejuízo – dessa vez de 446 milhões de reais – em 2017. Para Romano, o que houve foi apenas consequência da venda do patrimônio público e do cenário geral do setor.

“Se antes você tinha duas casas e você vende uma delas, isso é desinvestimento e seu patrimônio diminui. Esses resultados não são da vontade do governo, mas principalmente da desvalorização dos ativos nos últimos anos. Uma refinaria que tem um valor xis quanto o petróleo está valendo 100, vale muito menos quando o petróleo cai para 40. É isso, todas as empresas têm de fazer o reajuste do valor dos seus ativos.”

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