No bolso

Inflação em SP cai em 2017, mas poder de compra diminui, aponta Dieese

Renda média do trabalhador teve redução no ano passado. Instituto lembra que resultado do ICV nada mais é do que uma média de quase 600 itens. Índice subiu 2,44%, mas gás aumentou 30%, por exemplo

Reprodução

Parte dos produtos subiu acima da média em 2017, caso dos preços administrados. Safra ajudou na queda dos alimentos

 São Paulo – A queda da inflação em 2017 é um fato, como comprovam os vários índices que medem o comportamento dos preços, mas o Dieese – ao divulgar hoje (8) o Índice do Custo de Vida (ICV), calculado na cidade de São Paulo – lembra que a percepção do consumidor não é de queda, porque o resultado final se trata de uma média entre vários itens (quase 600). Além disso, no ano passado, mesmo com inflação menor, o poder de compra das famílias paulistanas diminuiu. “O decréscimo da renda média do trabalhador, segundo os dados de todas as pesquisas, e principalmente, os aumentos dos bens essenciais como os serviços públicos, remédios e combustíveis, foram responsáveis pela redução”, aponta o Dieese.

Os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), feita mensalmente pelo Dieese em parceria com a Fundação Seade (vinculada ao governo estadual de São Paulo), mostram redução de 0,7% no rendimento médio dos ocupados em 12 meses, até outubro, último dado disponível – o valor é estimado em R$ 2.048. Com a queda na renda e na ocupação, a massa de rendimentos cai 1,6%. 

O ICV teve variação de 2,44% em 2017, informa o Dieese. O resultado fica bem abaixo do ano anterior (6,15%). Para famílias do chamado estrato 1, que concentra as de menor renda, a inflação no município de São Paulo foi de 1,65%, aumentando para 1,94% no estrato 2 (intermediário) e para 2,93% no 3.

Dos 10 grupos que compõem o índice, em cinco a inflação subiu acima da média geral: Despesas Diversas (7,78%), Educação e Leitura (7,16%), Saúde (6,02%), Habitação (5,76%) e Transporte (3,36%). Nos demais, as taxas foram menores ou negativas: Recreação (1,47%), Despesas Pessoais (1,89%), Alimentação (-2,15%), Equipamento Doméstico (-5,12%) e Vestuário (-5,46%). Em geral, subiram mais os preços que dependem do governo, caso de combustíveis, e caíram principalmente os que seguem a demanda e a oferta.

O ICV é calculado com base nas variações de 594 itens, 24 dos quais incluídos entre os chamados preços administrados. Nessa categoria estão impostos, tarifas de transporte, combustíveis e contas básicas, como água, gás, luz e telefone. E a alta foi bem maior do que a média geral: 6,79%, subindo a 8,02% para famílias de menor renda. E o peso dos administrados é maior para famílias de menor poder aquisitivo (22,86%, ante 20,51% na média geral). Um item de consumo cotidiano, o gás de botijão, por exemplo, subiu 30,08% em 2017.

Há 44 produtos que o Dieese inclui na categoria “oligopolizados”, como remédios, convênios médicos e cigarros e responde por aproximadamente 16% das despesas. Só o item despesas e convênios teve alta de 7,72% no ano passado, novamente bem acima da média geral.

Por fim, o grupo de produtos “livres”, que compreende alimentos, aluguéis, compra e manutenção de veículos e itens de vestuários, entre outros. Esse representa 63,69% dos gastos das famílias. “Cabe ressaltar que a redução nos preços dos alimentos contribuiu muito para o resultado desse grupo, em parte porque as safras foram boas em 2017, o que garantiu o abastecimento para consumo”, diz o Dieese. 

Leia também

Últimas notícias