Gastronomia periférica

Festival Sabor da Quebrada quer movimentar a economia da periferia

Evento no próximo sábado (2), em São Paulo, coloca pela primeira vez a culinária no centro do comércio local. “O dinheiro tem que circular entre nós”, defende o chef Edson Leitte

Reprodução/Facebook

Criador da Gastronomia Periférica, o chef Edson Leitte vê a culinária como ferramenta de transformação social

São Paulo – Hambúrguer artesanal do C-Burguer, caipirinhas do SoNego, coquetéis exóticos com chá de rosa rubra ou hibisco do Bar Delas, além de comida japonesa, churrasco, doces, DJs, grupos de samba e rap. Assim promete ser o festival Sabor da Quebrada, no próximo sábado (2), a partir das 12h, na Chácara Santana, zona sul de São Paulo.

Concebido e organizado pela Gastronomia Periférica – conceito e movimento culinário criado pelo chef Edson Leitte – o festival reunirá cerca de 25 comerciantes da região, todos já inseridos no aplicativo Gastronomia Periférica, lançado em julho com o objetivo de mapear e divulgar restaurantes, bares, lancherias e barracas de rua do Jardim São Luís, também na zona sul paulistana.

“A ideia do festival é fortalecer o comércio local. É a primeira vez que acontece um evento dessa estrutura na região, voltado exclusivamente para a gastronomia”, explica o chef. Antes de desenvolver os projetos da Gastronomia Periférica (como o aplicativo, canal no YouTube, cursos e oficinas), Leitte morou sete anos em Portugal, depois voltou ao Brasil e foi subchefe do Clube Pinheiros, um dos mais tradicionais da capital paulista, até decidir regressar de vez para o bairro onde foi criado, na periferia de São Paulo.

Entusiasta do uso da gastronomia como instrumento de transformação social e da circulação do “dinheiro da quebrada na própria quebrada”, Edson Leitte explica que a curadoria do evento foi pensada de modo a não haver disputa entre os comerciantes, evitando que o mesmo produto seja oferecido por mais de um estabelecimento. “Não é concorrência, não é um mata-mata.”

Em função da realização do festival, a Praça Doutor Mário Saraiva de Andrade, que estava “abandonada”, como define o chef, foi totalmente limpa e teve grama cortada esta semana, após interlocução dos organizadores com a subprefeitura local. “É a gastronomia como ferramenta social”, afirma.

Os comerciantes que participarão do festival, aliás, não terão custo relacionado a despesas de infraestrutura. Isso graças a parceria estabelecida com o “primo famoso”, o aplicativo ifood, responsável por patrocinar a estrutura física do evento, como barracas, equipamentos de som e iluminação.

“A parceria APP Gastronomia e ifood vem promover a economia local e fazer com que as pessoas percebam quem tem muita comida boa sendo feita ao seu lado. Os comerciantes selecionados para participar deste evento, fazem parte do APP Gastronomia Periférica, que tem como missão mapear a comida boa da quebrada (seja ela comércio ou de rua)”, anuncia a página do evento no Facebook.

A aproximação entre ambos começou após o lançamento do aplicativo Gastronomia Periférica, logo apelidado de “ifood da periferia”. “A ideia era que ‘os caras’ viessem pra cá e se aproximassem dos comerciantes da região”, explica o chef Edson Leitte. Atualmente, de 55 a 60 comerciantes do Jardim São Luís estão inseridos no aplicativo local e aqueles que quiserem ingressar também no ifood, terão isenção de mensalidade, entre outros benefícios.

No festival Sabor da Quebrada, o chef que um dia colocou o restaurante Leitaria Gourmet na lista dos melhores de Lisboa, da revista Time Out, quer agora que a população da periferia descubra as opões gastronômicas existentes em sua própria região. E desde já ele vislumbra realizar o festival em outros bairros periféricos de São Paulo, como o Jardim Ângela, Capão Redondo, Brasilândia, e onde mais for possível.

O mantra é sempre o mesmo: “O dinheiro tem que circular entre nós”.

Leia também

Últimas notícias