Culinária na quebrada

Aplicativo Gastronomia Periférica mapeia dezenas de dicas na zona sul de São Paulo

De restaurante de sushi a cuscuz na madrugada, objetivo é mostrar a diversidade do Jardim São Luís. 'A ideia é parar de ir comer no McDonald's do shopping', diz o chef Edson Leite

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Aplicativo quer mostrar onde comer na periferia e ajudar a movimentar a economia local

São Paulo – Há poucas semanas, o chef Edson Leite saiu da Fundação Julita, entidade onde dá aula de gastronomia para adolescentes no Jardim São Luís, zona sul de São Paulo, acompanhado de uma colega de trabalho. A proposta era fazer um lanche e então ficaram pensando onde ir, considerando que ela é vegetariana. Depois de algum tempo matutando, decidiram arriscar e conferir o que haveria num determinado “burguer” do bairro.

Quando já estavam sentados na lanchonete e refletindo sobre a dificuldade que havia sido pensar num local com lanche para vegetarianos, a ideia acendeu brilhante como uma lâmpada: “É isso, precisamos mapear os lugares para comer e fazer um aplicativo. Pega a caneta”, exclamou Edson Leite para a colega.

E foi assim, na busca por um lanche vegetariano “na quebrada”, que surgiu o aplicativo “Gastronomia Periférica”, que será lançado na próxima quarta-feira (26) e estará disponível para dispositivos móveis com sistema operacional IOS e Android. O aplicativo apresentará em torno de 50 dicas gastronômicas no Jardim São Luís, incluindo restaurante de sushi, temakeria, hamburguer artesanal, carrocinha de churros, de milho, de cuscuz (que só funciona na madrugada), casa de bolos e até aquela senhora que vende uma coxinha de galinha incrível no terminal de ônibus do bairro. A meta é mapear até 200 lugares gastronômicos na periferia.

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Aplicativo estará disponível para download nos sistemas IOS e Android

“O aplicativo é pra fortalecer a ‘quebrada’. A ideia é parar de ir comer no MacDonald’s do shopping. O dinheiro tem que circular entre nós”, afirma o chef Edson Leite, de 33 anos. Nascido em Osasco, criado no Jardim São Luís e tendo vivido sete anos em Portugal, onde se apaixonou pela culinária, Edson voltou para o Brasil em 2012 e foi subchefe do Clube Pinheiros, um dos mais tradicionais da capital paulista.

Tempos depois, criou o conceito da “Gastronomia Periférica“, cuja proposta é chegar na casa de alguém e cozinhar com o que estiver disponível. “A gente tem que mostrar pra ela que você consegue fazer comida boa com o pouco que tem em casa. Aqui é periferia, quebrada”, explica o chef, responsável por ter colocado o restaurante Leitaria Gourmet na lista dos melhores de Lisboa pela prestigiada revista Time Out.

O conceito logo se transformou no programa Gastronomia Periférica, hoje veiculado no Youtube, além de oficinas e eventos, entre os quais o “Pague o quanto puder”, almoço mensal na comunidade. Tudo isso também estará disponível como conteúdo do aplicativo.

“Conseguimos colocar tudo numa única plataforma”, comemora o inquieto chef, sempre disposto a usar a culinária como ferramenta social e fazer o dinheiro “girar” na periferia. “É nós por nós, sem depender dos outros”, define.

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