Debate

Professor usa exemplo da Grécia para criticar austeridade das reformas de Temer

Em conferência na Unicamp, Costas Lapavitsas, da Universidade de Londres defende intensificação de políticas para reduzir o desemprego e recuperação da soberania grega

Reprodução/Facebook

Primeiro passo para Grécia retomar rumo é sair da União Econômica e Monetária Europeia, defende Lapavitsas

São Paulo – No 22° Encontro Nacional de Economia Política, Costas Lapavitsas, professor de Economia da Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, defendeu uma postura soberana de seu país, a Grécia, diante das dificuldades enfrentadas como membro da União Europeia.

A série de conferências, organizada pela Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP), vai até a próxima sexta-feira (2), na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com transmissão ao vivo na página da SEP no Facebook, onde os arquivos das conferências podem ser acessados.

Ao anunciar a abertura da mesa “Políticas de Austeridade e as Alternativas na Periferia em Tempos de Crise do Capitalismo”, o professor Pedro Rossi, do Instituto de Economia da Unicamp, afirmou que há “alguma coisa errada num país (o Brasil) onde 80% da população é contra as reformas”. Também, segundo ele, “tem alguma coisa errada num país onde 99% dos economistas que aparecem na grande mídia defendem as reformas neoliberais, mas num encontro de professores e alunos de Economia a grande maioria é contra os rumos de economia brasileira”.

Na exposição noturna desta quarta-feira (31), coordenada por Rossi, Lapavitsas defendeu a intensificação imediata de políticas para reduzir o desemprego, desenvolvimento de uma política industrial e agrária. O primeiro passo, de acordo com ele, é o país sair da União Econômica e Monetária da União Europeia. Ele tem defendido que a esquerda precisa “dizer que a união monetária tem que terminar”.

Costas Lapavitsas defende medidas contrárias às soluções neoliberais que levaram a Grécia à grande crise, como a renacionalização do Banco da Grécia, a defesa da propriedade pública e o controle sobre os bancos privados.

A conversão, ou reconversão, de salários, bens e passivos à esfera das leis gregas e o retorno ao “domínio” do dracma, a moeda do país, o controle dos fluxos de capital e transações bancárias é considerado um conjunto de propostas que alterariam o equilíbrio do poder a favor do trabalho contra o capital na Grécia, de acordo com Lapavitsas.

Ele advoga por “um conjunto de mudanças estruturais que se oporiam à divisão entre o núcleo europeu, comandado pela Alemanha, e os países da chamada “periferia” da Europa, do qual faz parte a própria Grécia, Portugal, Itália e Espanha.

No início do mês, a Grécia chegou a um acordo com os credores internacionais do país. Mas reformas pesadas são exigidas pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, que formam a chamada troika.