crime econômico

CPI da Citricultura investiga cartelização do setor em São Paulo

Comissão da Assembleia Legislativa ouve pequenas empresas da área nesta quarta (7)

Marco Antonio Cardelino/ALESP

CPI analisa relação da cartelização com a redução no número de pequenos e médios produtores de laranja em São Paulo

São Paulo – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga práticas de cartelização da indústria da citricultura em São Paulo segue avançando na Assembleia Legislativa. Nesta quarta-feira (7), a CPI ouvirá depoimentos das pequenas empresas do setor, mas o temor por possíveis represálias pode interferir no processo.

“Eu espero que elas tenham coragem de contar o que sabem sobre o setor, mas o poder de retaliação das grandes empresas é grande. Então, em geral, as empresas menores ficam intimidadas”, diz o presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio de Carvalho, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

A cartelização, considerada crime econômico, poderia ser um dos fatores causadores da redução no número de pequenos e médios produtores de laranja no estado. Na década de 90, o número de empreendedores era de 30 mil, mas atualmente não passa de 8 mil. “Nós temos dificuldade do Cade penalizar esse setor. Desde a década de 70, as grandes empresas viabilizam os novos produtores e quase duas dezenas fábricas foram fechadas. Hoje, o setor está na mão de três empresas, sendo duas controladas pelo grupo Votorantim”, explica Carvalho.

Outra empresa investigada por possível envolvimento em cartelização é a Cutrale  – maior produtora de suco de laranja do mundo, que também já foi denunciada por grilagem. Em 2005, o Incra notificou que a Fazenda Santo Henrique (área de 2,6 mil hectares entre os municípios de Iaras, Borebi e Lençóis Paulista, no interior do estado de São Paulo) está localizada em terras públicas e pediu que a empresa desocupasse o local.

Carvalho também lamenta a falta de mobilização dos produtores. “A gente tem esperança para esclarecer essa situação e tornar o setor mais competitivo. Porém, parte da culpa dessa situação é do próprio citricultor, que não participa das associações e só procura ver o problema individualmente”, critica.

Os trabalhos se iniciaram no começo de maio. A comissão é presidida pelo deputado Barros Munhoz (PSDB), autor do requerimento que, em 2015, propôs a CPI.

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