São Paulo

Dieese/Seade: crise atingiu ‘fortemente’ mercado de trabalho em 2016

Taxa média de desemprego na região metropolitana subiu de 13,2% para 16,8%, a maior desde 2006, com quase 1,9 milhão de desempregados, 400 mil a mais. Renda e massa salarial caíram

arquivo/EBC

Pesquisa mostra que crescimento do desemprego foi maior nas faixas etárias mais elevadas

São Paulo – A persistência da crise econômica “atingiu fortemente” o mercado de trabalho na região metropolitana de São Paulo em 2016, segundo mostra o resultado da pesquisa Dieese/Seade, divulgada na manhã de hoje (27). A taxa média de desemprego foi para 16,8%, ante 13,2% no ano anterior – foi a maior desde 2006. São 402 mil desempregados a mais, para um total estimado de 1,865 milhão, aumento de 27,5%. O total de ocupados caiu em 384 mil (-4%), para 9,237 milhões, enquanto a população economicamente ativa (PEA) manteve-se estável. O rendimento médio e a massa salarial também diminuíram.

Apenas a taxa média anual de desemprego aberto (em que há procura efetiva de trabalho) foi de 14%, a maior de toda a série da pesquisa, iniciada em 1985. Entre os jovens de 16 a 24 anos, o índice também foi recorde: 35,1%, embora, segundo a Fundação Seade e o Dieese, o crescimento foi maior nas faixas etárias mais elevadas.

O emprego com carteira assinada caiu no ano passado: o total de assalariados formais caiu 5%, com menos 266 mil. O número de autônomos caiu menos (-1,6%, ou menos 24 mil nessa condição). Houve aumento entre os empregados domésticos, com mais 13 mil (2,1%), mas com situações diferentes: cresceram os diaristas (9,8%) e caíram os mensalistas (-2,7%), que ainda são maioria.

A pesquisa registrou redução do emprego em todos os setores de atividade, com destaque para a indústria de transformação, com menos 163 mil postos de trabalho (-10,6%), sendo 85 mil no setor metal-mecânico (-14,3%). Os serviços eliminaram 84 mil (-1,5%) – o setor é responsável por 59,5% dos ocupados na região metropolitana. Todos esses números são de médias anuais.

Outras 87 mil vagas foram perdidas no comércio/reparação de veículos, queda de 5,1%. E a construção civil fechou 64 mil (-9,4%).

Estimada em R$ 2.003, a renda média dos ocupados caiu 4,9% no ano, enquanto a massa de rendimentos diminuiu 8,7%. 

“A distribuição dos rendimentos do trabalho, ainda muito concentrada, manteve a leve tendência de desconcentração verificada desde 2005″, informam Seade e Dieese. “Em 2016, os 50% dos ocupados com menor renda apropriaram-se de 24,8% da massa de rendimentos do trabalho, porcentual pouco superior ao registrado em 2015 (24,1%), enquanto reduziu-se a parcela apropriada pelos 10% mais ricos (de 33,9%, em 2015, para 33,5%, em 2016).

Dezembro

Apenas no último mês do ano passado, a taxa de desemprego foi calculada em 16,2%, abaixo de novembro (16,8%). O percentual corresponde a uma estimativa de 1,795 milhão de desempregados, 74 mil a menos do que no mês anterior (-4%) e 245 mil a mais em 12 meses (15,8%).