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Recessão pode se aprofundar mais em 2017, diz economista da Unicamp

Para o professor Guilherme Melo, PEC 55 equivale a uma transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos. Por outro lado, cenário internacional pode levar à desvalorização do real

Volkswagen do Brasil/divulgação/Fotos Públicas

Segundo Guilherme Melo, desemprego e recessão de 2016 pode derrubar a inflação no ano que vem

São Paulo – A expectativa para 2017 é que exista uma estabilização do PIB e queda da inflação, afirma o economista e professor da Universidade de Campinas (Unicamp) Guilherme Melo. Por outro lado, o especialista alerta para um possível aprofundamento da recessão no próximo ano.

É curioso você observar que a recessão começa em 2015, com o ministro Joaquim Levy e a política neoliberal, e se aprofundou desde então. Diante do cenário bastante negativo, é possível um cenário de estabilização do PIB. O problema é que o Brasil vem da maior recessão de sua história, após dois anos de neoliberalismo, e a solução que o governo coloca hoje é mais neoliberalismo, como se isso fosse resolver o problema que o próprio neoliberalismo criou”, disse em entrevista à Rádio Brasil Atual, hoje (19).

Segundo ele, a eleição de Donald Trump também preocupa a economia brasileira. “A inflação no ano que vem tende a cair, mas por motivos ruins, como o desemprego e a recessão. Entretanto, há um risco na inflação pois, se Trump mudar a política monetária americana, o que ele disse vai fazer, desvalorizará o real e os produtos importados ficarão mais caros. Se acontecer isso, a inflação será maior que os 4,7% esperados e os juros continuarão altos para combater a inflação”, afirma Guilherme.

PEC 55 e reforma da Previdência

O economista critica os projetos econômicos do governo de Michel Temer. Para ele, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55 representa a “destruição do Estado”. Guilherme também explica que a proposta, aprovada em segundo turno no Senado na última terça-feira (13), é uma “transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos”.

As pessoas falam que a PEC serve para controlar os gastos públicos, mas essa emenda só fala dos gastos nas áreas sociais, não fala dos gastos financeiros, como os juros. Então, você limita o gasto em saúde, educação, segurança, mas com os juros (o gasto público) continua ilimitado. O Estado brasileiro vai transferir renda das pessoas que dependem da saúde, educação, habitação para aquelas pessoas que dependem dos juros e da dívida pública”, diz.

Outra crítica feita por Melo é à reforma da Previdência Social. Segundo o professor da Unicamp, há desequilíbrios na Previdência, mas não é generalizado. “Por exemplo, a Previdência urbana é superavitária até pouco tempo atrás. Entretanto, a Previdência rural é deficitária, mas ela é uma “assistência social”. É óbvio que a assistência social vai ter déficit, porque é um dinheiro que você dá a alguém para combater a pobreza”, explica.

Ele também conta que há outras formas para reduzir o déficit da Previdência sem precisar realizar a reforma.

A PEC 55 e a reforma da Previdência, da forma que estão sendo apresentadas, mostram que o objetivo do governo é que o custo recaia sobre pobre e trabalhador e que os ricos não percam. O governo deve discutir esses temas, mas não dessa forma, sendo empurrado goela abaixo do povo”, conclui.

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